quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Casa Branca revisa relatório sobre mudança climática que contradiz teses de Trump

Relatório feito por cientistas de 13 agências federais liga questões do clima à atividade humana na Terra.

Trechos do esboço do relatório foram publicados por jornais dos EUA (Foto: Pixabay)

A Casa Branca está revisando um relatório elaborado por cientistas de 13 agências federais que determina com "um grau muito alto de confiança" que a mudança climática está relacionada à atividade humana, fato que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, coloca em dúvida.

Um esboço do relatório, publicado pelos jornais "The New York Times"e "The Washington Post", considera "extremadamente provável" que "o aumento na temperatura média global desde 1951 tenha sido causado pela influência humana sobre o clima". O documento completo ainda não foi divulgado.


"Há evidências de um clima em mudança profunda, desde o topo da atmosfera até as profundezes dos oceanos", afirma o rascunho do relatório, obtido pelo "The New York Times".

Trump chega à Casa Branca para anunciar saída do Acordo de Paris, em 1º de junho deste ano (Foto: Kevin Lamarque/Reuters)

O texto também diz que a temperatura média dos Estados Unidos aumentou rapidamente e drasticamente desde 1980 e que as últimas décadas foram as mais quentes dos últimos 1.500 anos. De acordo com os jornais norte-americanos, os autores observam que milhares de estudos, realizados por milhares de pesquisadores, já documentaram as mudanças climáticas na Terra.

Cientistas consultados pelos dois jornais temem que a Casa Branca, que recebeu o relatório há algumas semanas, decida desprezá-lo e evitar sua publicação definitiva.

Esse temor provém das dúvidas que Trump expressou sobre a mudança climática ser real, e mais recentemente, sobre a existência de vínculos entre esse fenômeno e as emissões derivadas da atividade humana.

O administrador da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Scott Pruitt, disse que não acredita que as emissões de dióxido de carbono sejam um dos principais fatores que contribuem para a mudança climática, e seu escritório e outras agências devem decidir se aprovam o relatório antes de 18 de agosto, segundo o "The New York Times".

"Não há explicações alternativas, e não há ciclos naturais encontrados no histórico observado que possam explicar as mudanças observadas no clima", indica o relatório.

O estudo também considera possível atribuir à mudança climática alguns fenômenos meteorológicos extremos, e adverte que a taxa de acidificação dos oceanos, relacionada às emissões de carbono, "não tem precedentes pelo menos nos últimos 66 milhões de anos".

Inclusive, se os humanos deixassem de emitir de imediato gases do efeito estufa, o mundo se aqueceria em pelo menos 0,3ºC até o final deste século; e se tudo continuar como está, esse aquecimento será de até 2ºC.

Trump decidiu, há dois meses, retirar os EUA do Acordo de Paris, que procura exatamente evitar que o aquecimento global supere os 2ºC no final deste século em relação aos níveis pré-industriais, e espera-se que essa retirada se concretize em novembro de 2020.


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