Não sei desenhar
não sei fazer conta
só entendo de assustar palavras.
Puxo o verbo pelo rabo
finco dente no dorso.
Quero des-edificar lares
provocar divórcio
entre significante e significado.
Aí será o oco da linguagem varrido pelo avesso.
Encosto a boca na orelha dos vocábulos
e sussurro:
"Deus é a nossa criação necessária".
Eles habitam pântanos de pânicos.
Estão prontos para representar meus terrores.
Eu não espero pelo dia
em que o meu nome flutuará
nas páginas de uma hagiografia.
Não sei qual evangelho rege
as impurezas da minha arte.
Eu transbordo excrescências,
dúvidas, luminosidades.
E... só entendo de assustar palavras.
Nascida em Itabuna, Daniela Galdino é graduada em Letras pela UESC, Mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela UEFS (com pesquisa sobre o poeta Augusto dos Anjos). Atualmente cursa o Doutorado em Estudos Étnicos e Africanos pela UFBA (realizando pesquisa sobre literatura infanto-juvenil afro-brasileira). Como artista, participou, nos anos 90, do teatro universitário na UESC, fazendo parte do NAU e do Grupo Rumos das Letras. Na mesma época compôs a organização dos Saraus do CEPHS-UESC. Foi idealizadora e coordenadora, junto com o músico Jaffet Ornellas, do Festival de Musica de Itabuna (FEMI), de 2001 a 2004. Publicou o livro Vinte poemas caliDORcopicos, em 2005, pela Editus. Participou, em 2009 e 2010, das duas edições da antologia “Diálogos: panorama da nova poesia grapiúna” (organizada por Gustavo Felicíssimo e publicada pela Editus-Via Litterarum). Atualmente organiza o Sarau Baú dos (im)pertinentes e mantém o blog http://operariadasruinas.blogspot.com. (Via Blog do Antônio Miranda)
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