Se aquecimento global não for controlado, afirmam cientistas, tendência é que número de mortes aumente em 50 vezes até o fim do século.
Ondas de calor que iniciaram em agosto estão levando europeus ao hospital (Foto: Pixabay)
Vários países do sul da Europa sofrem com uma onda de calor que já causou mortes, danos milionários a colheitas e, segundo cientistas, serve de presságio para as próximas décadas.
Pelo menos cinco mortes na Itália e na Romênia foram atribuídas às condições extremas desde que começou a onda de calor, no início de agosto. As hospitalizações aumentaram entre 15% e 20% na Itália.
A última vítima foi uma mulher cujo carro foi arrastado, na madrugada deste sábado (5), por uma avalanche de água e barro perto da estação de esqui Cortina d'Ampezzo, nos Alpes italianos, onde a onda de calor favorece as tempestades.
Dois dias antes, uma mulher de 79 anos e um homem de 82 morreram em incêndios florestais em Abruzos (centro) e Matara (sul), respectivamente.
Em grande parte da península ibérica, no sul da França, na Itália, nos Bálcãs e na Hungria foram registradas temperaturas acima da média ou até mesmo inéditas.
Nas zonas afetadas, os termômetros superaram frequentemente os 40°C, ampliando o impacto da seca de uma onda de calor anterior, em julho. Ela provocou incêndios em Portugal que deixaram 60 mortos.
Perdas agrícolas
Na Romênia, foram registradas outras duas mortes relacionadas às altas temperaturas, entre elas a de um agricultor que trabalhava no campo em Mogosesti, nordeste do país.
Na Itália, a umidade, entre outros fatores, provoca uma sensação térmica ainda mais alta, sobretudo na região da Campânia, perto de Nápoles, com temperaturas estimadas em 55°C nesta sexta-feira.
Estima-se que os agricultores vão perder milhões de euros em consequência da redução da produção das colheitas.
A produção de vinho e azeitonas pode cair 15% e 30%, respectivamente. Em Roma, turistas atualmente podem ser multados por se refrescarem nas fontes públicas.
Mas, por ora, não há sinais de que os visitantes tenham desistido dos principais pontos de veraneio no sul da Europa por causa das altas temperaturas.
Neste sábado, já havia grandes filas à porta da Galeria Uffizi, em Florença, que precisou fechar após seu sistema de ar condicionado parar de funcionar devido à falta de água no rio Arno.
Autoridades sanitárias da França advertiram os cidadãos para tomarem cuidados especiais com doentes e idosos.
O país ainda não esqueceu a onda de calor de 2003, que registrou cerca de 15 mil mortes evitáveis de idosos, muitos dos quais tinham ficado sozinhos em casa enquanto as famílias viajavam nas férias.
O meteorologista francês Frédéric Nathan disse que está seguro de que as recentes ondas de calor são reflexo do aquecimento global. (Foto: Pixabay)
150 mil mortes pelo clima?
Cientistas alertaram para as mortes devido a temperaturas extremas na Europa podem ser multiplicadas por 50, das atuais 3 mil, a cerca de 152 mil no fim do século, se o aquecimento global não for controlado.
O sul da Europa vai sofrer a maioria delas, e as ondas de calor poderiam ser responsáveis por 99% das mortes, segundo uma investigação dirigida pela Comissão Europeia e publicada na The Lancet Planetary Health.
Pesquisadores coreanos questionaram essas conclusões, já que consideram que os seres humanos vão ficar menos vulneráveis às condições climáticas extremas.
O meteorologista francês Frédéric Nathan disse que está seguro de que as recentes ondas de calor são reflexo do aquecimento global.
"Sempre aconteceram, mas sua duração e intensidade cresceram desde as de 1950 e 1969 e cada vez acontecem mais cedo ou mais tarde".
Via G1
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