quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Trans que trabalha na área de tecnologia relata ameaças de morte após palestrar em evento no RS

Evelyn Jeliel Mendes, de 43 anos, diz ser alvo de ataques depois de ter participado de um encontro de programadores. Caso será investigado pela Polícia Civil.

Evelyn foi palestrante do evento BrazilJS, em Porto Alegre (Foto: Arquivo Pessoal)

Uma mulher transexual que trabalha na área de tecnologia diz que vem sendo vítima de preconceito e ameaças pela internet desde que palestrou em um evento em Porto Alegre, no fim de agosto. A partir daí, Evelyn Jeliel Mendes, de 43 anos, conta ter se tornado alvo de ataques por e-mail, com direito a ameaças de morte a ela a mãe dela.

Um dos e-mails recebido por Evelyn tem o assunto "Eu vou te matar". No texto, o agressor reclama que as mulheres estão dominando o mercado de trabalho na área de informática e afirma: "Quando você menos esperar, vou te matar com requintes de crueldade".

Essa é apenas uma entre as dezenas de ameaças que a trans vem recebendo desde o mês passado. Com o auxílio dos organizadores do evento que participou na capital gaúcha, ela contratou uma advogada e registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil para que o caso seja investigado e os agressores, identificados.

"As ameaças ocorrem porque algumas pessoas não aceitam mulher no mercado de TI. Não é só transfobia. Mas isso é muito comum, várias mulheres sofrem com o preconceito na área da computação", relata Evelyn. "Eu acho que é por isso que existe essa questão. Eles acham que estão perdendo espaço, porque a mulher chega e tem que trabalhar mais para provar mais. Não importa se trans ou não", acrescenta.

Evento de tecnologia que Evelyn particiou, em agosto deste ano (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela lamenta a atitude dos agressores, mas diz que não se assusta com as ameaças. A trans conta que está acostumada a ser xingada, ameaçada e agredida por pessoas intolerantes, e que por isso aprendeu a se proteger.

"Obviamente que é muito chato. Não é nem um pouco legal isso, mas estou tentando manter a minha sanidade", diz.

A advogada Gabriela Souza, que defende Evelyn, explica que o caso ainda está em sua fase inicial, em que a polícia tenta identificar os agressores e, a partir daí, é possível dar abertura aos processos contra eles.

"Vamos fazer tudo com calma, porque a lei exige que a gente individualize as condutas, ou seja, além de identificar os agressores, precisamos identificar o que eles escreveram", esclarece.

O caso foi inicialmente registrado na Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher, em Porto Alegre, e depois encaminhado para investigação pela Central de Termos Circunstanciados (CTC), responsável por crimes considerados de menor potencial ofensivo.

A delegada Cristiane Pires Ramos, responsável pela CTC, afirma que a ocorrência ainda não chegou até as suas mãos, mas que a partir do contato do G1 ligou para a vítima a fim de coletar o depoimento e os prints das ameaças e dar início à investigação.


Via G1

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