quinta-feira, 3 de junho de 2010

EU TENHO UM SONHO: CONHECER A MÃO AMIGA!!

Certo dia, eu relatei para um superior que precisava muito ir servir em Salvador, pois minha mãe – hipertensa e cardíaca – estava depressiva, e mora em Salvador com minha irmã – portadora de necessidade especial – e meu pai, que tem uma doença degenerativa e vegeta em cima de uma cama. Pasmem! Ouvi deste superior que eu era um vagabundo e golpista, e para justificar sua afirmação, falou-me, de forma incisiva, o seguinte: “quando cursei a escola de comando na cidade do Rio de Janeiro, descobri que meu filho, que morava em São Paulo, estava com leucemia. Seguir no curso por achar que a doença do meu filho não justificaria o trancamento da minha matrícula; por isso, acho você um vagabundo e golpista”. Atualmente, este militar está servindo em uma baixada no exterior e aguardando sua promoção de general. Para ter a certeza que a opinião deste superior era um fato isolado, sem citar nomes, comentei o fato com um general, este fez o seguinte comentário: “seu pai e sua mãe não fazem parte da sua família, sua família é sua esposa e suas filhas, siga a sua carreira e deixe que seus pais sigam o destino deles”. Este general ocupa uma posição de grande relevância dentro do Exército.

No último boletim da Diretoria de Movimentação e Controle (DCEM), 05/05/10, pela terceira vez, tive indeferido o meu requerimento de movimentação para Salvador, onde moram meus pais, no mesmo apartamento, com minhas filhas e minha esposa, elas estão morando lá por imperiosa necessidade de ajudá-los. Não vou tecer maiores detalhes por já ter feito isso em texto anterior postado neste blog, que intitulei: “MEREÇO OU NÃO AJUDAR MEUS PAIS AMADOS, VELHOS OU DOENTES?”. Ah... Por ter escrito o texto citado, recebi um formulário de transgressão disciplinar. “Pai, afaste de mim este cale-se”! Para que tanta força bruta? PRECISO É DE AJUDA, e não ficar vendo o sol nascer quadrado dentro de uma prisão! Chutar cachorro morto é um ato de extrema covardia! Meu comandante cumpre ordens, não acredito que a iniciativa tenha sido dele, apesar dele assumi-la, pelo respeito e amizade que demonstra para comigo.
Alguns oficiais acham que estão acima da lei e que o Exército, apesar de ser uma instituição federal, está dentro de uma redoma onde o pacto social estabelecido pelos cidadãos – leia-se leis – não se aplica ao dia a dia dos quartéis, ou seja, eles acham que não precisam respeitar as leis do Brasil e podem comandar totalmente alheio ao Estado Democrático de Direito. Para vocês, meus amigos, terem uma ideia, foi instaurada uma sindicância onde ficou comprovada a necessidade de que meus pais precisam do meu apoio. Entretanto, além deles me negarem o direito de amparar meus pais velhos e enfermos (Art 229, Constituição Federal), eles sequer justificaram o porquê de terem negado a minha transferência, como determina a Constituição da República. Ou seja, como já é a terceira vez, minha situação já não pode ser mais encarada como um mero descaso ou equívoco, o que estão fazendo comigo é um exemplo clássico de TORTURA! Estou licenciado pela Junta Médica por apresentar um comportamento de elevado nível de estresse. Como posso me manter tranquilo sofrendo tanta injustiça? Quem ganha com o agravamento dos meus problemas? Por que me torturam? Por que discordo dos generais que dizem que no Brasil não tem racismo e que o movimento negro é baseado nas ideologias leninistas (onde não tiver problema, crie)? Por que não me calo diante do fato de determinados oficiais usarem verbas do Exército – dinheiro público – para financiar livros negando o racismo no Brasil? Por escrever denunciando a intolerância que existe com as religiões de matrizes africanas dentro dos quartéis? Ou por não compactuar com arbitrariedades e abuso de poder, transvertidos de hierarquia e disciplina?
De que adianta o Governo Federal gastar bilhões para equipar o Exército, se os militares que conduzem a gestão pessoal da Força são insensatos? É imprescindível que a sociedade brasileira debata sobre soberania nacional, e não se esqueça de priorizar a conduta que deve ter os militares, principalmente, os que estão em posição de comando, pois o Exército é um patrimônio de todos os cidadãos brasileiros, e não de alguns militares que o veem como uma empresa de sua propriedade e tratam seus subordinados como escravos sempre prontos a servi-los, independentemente de ser sábado, domingo ou feriado. Pátria-mãe não durma de forma distraída! O Exército não pode apodrecer! Cidadãos brasileiros procurem conhecer o conteúdo que existe dentro desta “caixa preta”, não deixem que reprisem as páginas infelizes da nossa história! Não podemos voltar aos tempos sombrios!
Destarte, continuo acompanhando o curso do rio em direção ao mar. Entretanto solicito aos nobres amigos que façam com que o conteúdo deste texto chegue ao conhecimento do Comandante do Exercito, pois tenho certeza que ele não concorda com atos torturantes; ao Ministro da Defesa que, quando foi presidente do Supremo Tribunal Federal, demonstrou diversas vezes à importância de valorizar os Direitos Humanos; e ao Ministro Paulo Vannuchi, pois este assunto diz respeito a sua pasta. Em relação ao Presidente (comandante supremo da Forças Armadas), digam a ele que jamais estragarei o trabalho que ele vem desenvolvendo para que o Brasil ocupe uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, não representarei na ONU contra o Exército brasileiro, pois os conselheiros podem fazer a seguinte ilação: se o Exercito brasileiro trata seu capitão dessa forma, imagine o que fará com os presos de guerra? O Presidente, que se tornou um mito, não merece esta descortesia! Por fim, quando vejo o lema do Exército (“Braço Forte, Mão Amiga”), lembro-me do discurso feito por Martin Luther King que lhe valeu o prêmio Nobel da Paz, e percebo que também tenho um sonho: conhecer a mão amiga!

Se possível: comentem e divulguem.
O debate é salutar e todos ganham!
Boa leitura,

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Capitão Marinho.
Orkut: Capitão Marinho

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