sábado, 24 de julho de 2010

O Almirantado se transfere.


Zelosas amigas e familiares de Luciano atenciosamente nada deixavam faltar aos privilegiados convivas a tal ágape festivo, se revezando em mimos para com aqueles que afortunadamente foram os seletos escolhidos

Luciano Ferreira
Mulheres de homens legendários costumam se tornar legendas também. Na rica vida cultural baiana são marcantes as personalidades de Zélia Gatai, Stela Maris, Nancy Caribé, Auta Rosa... e tantas e tantas outras.
Alguns outros homens — poetas menores, esforçados escrevinhadores ou modestos blogueiros — também têm a felicidade de se enlaçarem com mulheres assim. Borgiano como sou, e incansável guerreiro contra a ameaçadora cegueira, tenho o privilégio de coabitar com a minha Maria Kodama, e, um poeta amigo, na prazenteira tarde de sábado passado, nos apresentou, finalmente, a sua Matilde Urrutia (“Todo mi cuerpo está saturado de tí. Eres parte de mí”).

Sim, este ao qual me refiro é o zoonímico poeta Fernando, o Coelho, conviva de suntuoso almoço petit comité, ao qual compareceu acompanhado da sua musa inspiradora, a alegre Nadir.

Atenciosamente, a Nadir — até então um mito, uma lenda praieira na inspirada verve do poeta de Conceição do Almeida — cuidava zelosamente do seu trovador, ainda convalescente da traulitada recebida como “presente de aniversário”, no dia em que comemorava mais um ano de vida.

Segundo palavras do próprio pequenino Fernando, o amigo gigante Lula Afonso, quando efusivamente foi abraçar-lhe parabenizando-o, “tropeçou na própria alma e me nocauteou, ao cair por cima de mim”... o poeta só teve tempo de rogar: anotem a placa...

Esses hilariantes acontecimentos foram narrados durante lauto almoço promovido por Luciano Ferreira na sua aprazível vivenda em Itapuã.

Sim, ele mesmo, Luciano Serva Ferreira, economista de profissão e barraqueiro de vocação. Almirante das Areias do Mar da Bahia.

Zelosas amigas e familiares de Luciano atenciosamente nada deixavam faltar aos privilegiados convivas a tal ágape festivo, se revezando em mimos para com aqueles que afortunadamente foram os seletos escolhidos — entre os quais este que vos escreve, ao lado da sua amada senhora.

O menu foi especialíssimo, a tão requisitada culinária barracal esteve presente, e foi servido como entrada deliciosa pititinga e agulhinha frita, evidentemente acompanhadas de farofa e molho vinagrete.

Abstêmio como sou, me contentei com refrigerante e água, mas não faltou diversa carta de vinhos, cervejas e destilados para os ávidos adeptos. O ameaçador perigo eminente — para Fernando Coelho, obviamente — Lula Afonso, compareceu com seu cartel de puros cubanos, presenteando Luciano com um enorme cohiba.

De São Paulo, via telefone, a Sentelha que acendeu o coração sexagenário de Luciano mandou pt saudações, entre intensas atividades sindicais na paulicéia.

Ah e os pratos principais... cozido de peixe com pirão e legumes, lombo paulista com molho ferrugem etc. etc... dignos de um marajá.

Caríssimos leitores, não nos invejem nem fiquem ressentidos com o generoso anfitrião... tudo isso foi apenas um ensaio geral do que vêm por aí. Aguardem.

Enquanto descansa caymmicamente na rede de sua varanda, entre pintassilgos e rouxinóis, orquídeas e bromélias, Luciano conspira a nosso favor e planeja transferir circunstancialmente o Almirantado das areias de Pituaçu para bucólica alameda de Itapuã.

Quem viver verá.

Autor: Juarez Duarte Bomfim
Sociólogo e mestre em Administração pela UFBA. Doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha. Professor-adjunto do DCHF-UEFS. E-mail: juarezbomfim@uol.com.br
Publicado em 20/6/2010

Enviado por Barraca do Luciano

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