quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Islamofobia crescente

Intolerância religiosa

Muçulmanos americanos são tratados com preconceito, diz líder religioso

Os níveis da "islamofobia" nos Estados Unidos "talvez superem à do período imediatamente depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001", disse ontem o imã Feisal Abdul Rauf, em entrevista a veículos de imprensa internacionais. Diretor do projeto, que inclui atividades arquitetônica e conceitual para a construção de um centro islâmico a poucas quadras do local onde ficava o World Trade Center, o líder religioso Rauf fez estas declarações no programa "This Week", da emissora de televisão, a ABC. "Há uma crescente islamofobia neste país. Os muçulmanos americanos são tratados como se não fossem americanos, mas somos médicos, banqueiros, motoristas de táxis, fazemos parte da nação", afirmou. "O campo de batalha não é entre o Islã e o Ocidente, o campo de batalha é entre os moderados de todas as religiões no mundo todo e os radicais em todos os países", disse Rauf. O ímã afirmou ainda que se Terry Jones, chefe de uma seita cristã em Gainesville (Flórida), tivesse levado adiante seu plano de queimar em uma fogueira exemplares do Corão, "teria acontecido um desastre no mundo muçulmano". Jones voltou atrás e suspendeu o protesto alegando que seria parte de um acordo para que Rauf e seus associados transferissem o projeto do centro islâmico a outro lugar. "Como é possível comparar as duas coisas?", perguntou Rauf, que negou que haja tal acordo. "Como é possível comparar a profanação de escrituras sagradas para qualquer pessoa com um esforço para construir a paz e o entendimento entre as religiões?", questionou. "Os radicais e extremistas assumiram o controle da conversa sobre as relações entre os diferentes credos religiosos. Os radicais dos dois lados, os radicais nos Estados Unidos e os radicais no mundo muçulmano. Eles se nutrem reciprocamente", acrescentou Rauf. O imã reiterou ainda que se tomasse a decisão de construir o centro islâmico em alguma outra parte de Nova York, como concessão aos protestos, o "mundo muçulmano diria que o Islã está sob ataque nos Estados Unidos". "Isto fortalecerá os radicais no mundo muçulmano e lhes ajudará a recrutar militantes", continuou. Rauf indicou que toda a controvérsia que cerca agora o projeto do centro islâmico responde a interesses políticos. "Este projeto foi comentado em artigo na primeira página do ’New York Times’ em dezembro passado. Mas desde maio certos políticos, por razões políticas, decidiram que este projeto poderia ser útil para suas ambições e espalharam a controvérsia", concluiu.

Saiba Mais
Há quatro dias, a imprensa de todo o mundo acompanha as ações do pastor Terry Jones, líder de uma minúscula igreja em uma pequena cidade da Flórida. Ele chegou a anunciar que queimaria 200 exemplares do Corão. Depois, o pastor resolveu chantagear o imã Feisal Abdul Rauf, de Nova York. Jones condicionou a desistência de seu plano à promessa de desistência do projeto de construção de uma mesquita próxima ao local onde ficavam as Torres Gêmeas. Depois, o pastor teria desistido da empreitada.

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