segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Buraco - por Sergio São Bernardo


O mundo afundou no poço do oco da terra 
O buraco ficou sem fundo 
O buraco não tinha cor


Era uma estrela congelada e invisível 
Que não tinha nome
Botaram nome na estrela

O nexo mais profundo e exposto do que existe na terra
O fundo da terra é preto
O fundo do mar é preto
O preto que faz o reboco da terra afundou no poço
O vestido da menina que vai ao baile é preto básico
O fundo do buraco é sem cor
Se é negro o buraco sem fundo 
Se o negro não existe
O buraco inexiste
Entretanto, ninguém escapa de um buraco negro

A luz que fica lá dentro sem sair
Atrai estranhas gravidades
Atrai estranhas velocidades 
protomutâncias
um pêndulo entre deus e o metal

uma fé ressentida entre o bem e o mal 
uma relíquia indecifrável no pulmão oco do espaço
um tropeço esperado do próximo passo

O seu buraco

sou eu!

Sergio São Bernardo


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