segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Tabuleiros das Baianas podem ser banidos das orlas de Salvador.

Figura símbolo de Salvador, na Bahia, as Baianas do Acarajé estão no centro de uma nova polêmica. A Superintendência do Patrimônio da União (SPU) diz que a lei de gereciamento costeiro não permite a ocupação diária das areias para qualquer tipo de comércio. Com isso, o tabuleiro das baianas, assim como o de outros vendedores ambulantes, que comercializam bijuterias ou roupas, terá que ser removido. [...]


Em agosto do ano passado, a Prefeitura de Salvador já havia demolido 353 barracas na orla da cidade pelo mesmo motivo. Desde então, a fiscalização tornou-se mais rigorosa, principalmente com as baianas que atuam sem licença da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp). Desde agosto passado, foram negados novos pedidos de licença a essas profissionais.

A medida deve atingir pelo menos 650 baianas que hoje atuam nas areias de Salvador – de São Tomé de Paripe à Praia do Flamengo, segundo a presidente da Associação de Baianas de Acarajé, Rita dos Santos, disse ao jornal A Tarde.

Maísa Pereira, 32, afirmou ao jornal que trabalha há 15 anos na Praia do Porto da Barra.

- Não consegui tirar a licença. Eles já me notificaram. Disseram que, da próxima vez, vão levar tudo - contou Maísa, preocupada.

A presidente da associação diz que lamenta a situação.

- Tem baiana com 40 anos de trabalho sem licença. Aí, quando a prefeitura cobra, ela não pode dar entrada - lamenta.

A titular da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) na Bahia, Anas Vila Boas, informou que uma reunião deverá ser agendada com a Prefeitura para encontrar alternativas de acomodação das baianas que estão atuando nas praias e já têm licença municipal. Segundo a presidente da Associação, Rita dos Santos, disse ao jornal A Tarde, que existem 100 baianas licenciadas trabalhando nas praias de Salvador.

- Não vamos autuar com notificação ou embargos. Entendemos a importância delas para a cultura baiana - afirmou Vilas Boas.

A superintendente afirmou que uma das alternativas pode ser transferir a a estrutura das barracas para a calçada.

- Nossa faixa de areia, em muitos trechos, é muito pequena - diz ela.

Desde o ano passado, foi oficializado o Dia da Baiana de Acarajé, que já era comemorado há treze anos no calendário de homenagens da Bahia, no dia 25 de novembro.

A baiana de acarajé é uma figura símbolo da Bahia e uma forma de afirmação da identidade cultural de um povo. Segundo a Revista de História da Biblioteca Nacional, as primeiras baianas de acarajé foram africanas, escravas alforriadas, ainda na época do Brasil Colônia. O acarajé, na sua origem só poderia ser vendido pelas filhas de santo de Iansã (Santa Bárbara, no sincretismo entre o catolicismo e o candomblé). A massa de bolinho de feijão fradinho, cebola e sal, frita no azeite de dendê - era feita no próprio terreiro de onde a baiana saia com todas as obrigações a serem cumpridas a seu Orixá.

Atualmente, a venda do acarajé tornou-se importante fonte de renda. As barracas tornaram-se locais de atração turística, sem necessariamente terem ligação com o candomblé.

O trabalho das baianas de acarajé foi registrado, em 2005, como Patrimônio Cultural imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ministério da Cultura (Iphan). O acarajé também foi reconhecido como Patrimônio Cultural de Salvador pela Câmara Municipal.

fonte: Extra

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