O Museu Afro Brasil inaugurou recentemente uma nova exposição, apresentando ao público brasileiro a cultura da tribo herero, de Angola, através das fotografias do pesquisador pernambucano Sérgio Guerra.
A exposição Hereros de Angola, que já passou por Luanda e Lisboa, apresenta cerca de uma centena de imagens do fotógrafo realizadas ao longo dos últimos 15 anos.
Os povos hereros são típicos das regiões do sudeste angolano. Eles ocupam territórios que hoje pertencem a Angola, Namíbia e Botsuana e contam com uma população de quase 250 pessoas. Vivem ainda em relativo isolamento como pastores seminômades atravessando os desertos e vastas províncias da região.
Eles formam uma das mais aguerridas etnias tribais africanas. Durante a colonização do território angolano pelos portugueses, eles foram uma das etnias que mais resistiram à colonização. Na Namíbia, resistindo também aos alemães, eles foram vítimas dos piores massacres já registrados pela história africana. No início do século XX, por ordem de um general alemão, cerca de 80% dos hereros foram exterminados. Hoje, dividida entre três territórios – colonizados por Portugal, Alemanha e Reino Unido –, além de seu dialeto original herero, parte destas tribos fala português, parte inglês e parte alemão.
Além das fotografias, integram também a mostra, vestimentas típicas hereros, adereços decorativos, objetos de uso cotidiano e ritualísticos, e vídeos com entrevistas e depoimentos de homens, mulheres e adolescentes. Enquanto o público visita a exposição, pode escutar os cantos rituais destas tribos, transmitidos por alto-falantes pelo salão.
O objetivo do Museu Afro Brasil é apresentar um pouco desta distante e exótica cultura africana para o público brasileiro, de particular interesse para a população negra nacional.
A mostra faz parte de um calendário internacional de atividades em torno do Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. De um modo geral, a mostra integra um amplo conjunto de eventos culturais estimulados pelas Nações Unidas que propuseram o ano comemorativo. Dito isso, é preciso destacar que faz parte, portanto, da política de demagogia internacional promovida pela ONU (leia-se – imperialismo europeu), ao mesmo tempo em que seus países membros são os principais responsáveis pela miséria do continente africano.
Enquanto ações “positivas” de “valorização da cultura negra” são “estimuladas”, tropas da OTAN recentemente depuseram o presidente de uma “nação soberana” africana, a Costa do Marfim; e atualmente está intervindo militarmente em outro país africano, a Líbia. Isso sem mencionar as dezenas de ditaduras aliadas da ONU ao longo de todo o Continente Negro, contra os quais a população africana está em luta.
A promoção de exposições como esta, apesar de seu real interesse, esconde interesses políticos que precisam ser mencionados, de mascarar a política genocida das Nações Unidas contra a população de todos os países oprimidos do globo, particularmente a população africana.
De qualquer modo, vale a pena conhecer o trabalho do brasileiro Sérgio Guerra. Ele é um dos principais estudiosos e especialistas da cultura tribal angolana. Residente em Salvador, há quinze anos ele viaja regularmente para Luanda para realizar suas pesquisas de campo. É dele um dos mais completos trabalhos fotográficos já realizados das etnias negras de Angola, tendo percorrido já as 18 províncias do País fotografando a diversidade de sua população, da qual os hereros são um dos mais exóticos e interessantes.
Estas pesquisas deram já origem a cinco livros, destacando diferentes aspectos da cultura angolana. O último deles, lançado em 2010, é Hereros de Angola, onde estão as imagens que integram a exposição.
Divulgação:
Hereros de Angola
Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
De terça a domingo,
Das 10h às 17h
Até dia 24 de julho
informações: (11) 3320-8900
Entrada Franca
Fonte: http://www.pco.org.br/

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