sexta-feira, 8 de julho de 2011

Bahia Cultural II, por Fred Maia

O tom da matéria, Bahia Cultural, escrita pelo André Ferraro me estimulou positivamente a contribuir com a discussão apresentada. Cresci lendo Jorge Amado, fui mobilizado política e esteticamente pelo cinema visceral de Glauber Rocha, "cai na estrada" por causa dos Novos Baianos e sou do Piaui, entendem?

Hoje, o Pernambuco exerce essa mesma força nos jovens do Nordeste e do Brasil inteiro, impulsionado pela energia do mangue beat do Nação Zumbi e Mundo Livre SA (Chico Science, como Glauber, está vivo), mas também, pelo carisma e radical discurso sertanejo/armorial de Ariano Suassuna de a "Pedra do Reino". E fico só nestes dois exemplos, para não me estender longamente sobre a extraordinária produção cultural daquele estado irmão da Bahia e dos outros estados nordestinos. 

Vez ou outra vejo alguém fazendo discurso colocando em oposição essas duas forças criativas do Nordeste, não foi o caso da matéria em tela, produzida com a assinatura do André para o Maria Preta. Acho esse caminho da negação do outro ou da tensão regional, o pior dos caminhos e, compreendo, que talvez a Bahia tenha perdido a capacidade de se "vender" e não a capacidade de se reinventar. Por outro lado, vejo muita gente boa (da arte/cultura baiana) defendendo uma cultura de massa que se repete e envelhece ad nauseam. Honestamente meus amigos, o modelo axé - por exemplo - é a cara dos paulistas de classe média e não tem mais a cara da Bahia. 

Por outro lado, um dos líderes desse "negócio", o genial Carlinhos Brow, não para de transformar, inventar e inventar-se sem esses apelos fáceis de fazer mais do mesmo. Perdoem-me pela intromissão da colher no vatapá dos baianos, mas fico incomodado com certas comparações entre essa iguaria da "boa terra" e o "escondidinho" pernambucano. E aos artistas, que se mexam e saiam daquele comodismo acanhado do pires estendido e beija-mão carlista, no qual foram mal acostumados, para um esforço de idéias e políticas com os novos governantes, que no meu ponto de vista, contribuíram pouco com aquele momento inaugurado pelos baianos Gil/Juca, no Ministério da Cultura. Reconheço que o secretario Marcio Meireles fez o mesmo, mas não teve apoio institucional (governo do PT) nem do setores culturais - o que é uma pena! Em suma, ainda que sabendo sempre se inventar, nos provocando a cada ano, lamentavelmente a Bahia, hoje, me parece não está sabendo se inventar na forma de se mostrar.

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