sábado, 20 de agosto de 2011

Rede de Museus vai estudar a pré-história em biomas brasileiros


A partir da coleta de dados, o projeto pretende contribuir para a elaboração de estratégias de conservação e utilização da biodiversidade brasileira.
Agência Museu Goeldi – Pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), do Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), e do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) formaram uma Rede de Museus, para fortalecer coleções e núcleos de pesquisa nas áreas de paleontologia e neontologia.
O projeto, denominado, “Evolução da fauna de vertebrados terrestres brasileiros do cretáceo ao recente: paleontologia e filogenia”, tem como proposta fazer pesquisas para entender os processos de diversificação de espécies brasileiras, assim como a constituição da biodiversidade, baseados nas relações ancestrais entre espécies conhecidas ainda existentes e as já extintas. O projeto também se propõe estudar os aspectos históricos que formaram os principais ecossistemas intertropicais brasileiros. Para fazer essa análise, os pesquisadores irão buscar informações sobre a fauna e a flora brasileira em coleções científicas, acervos bibliográficos, como também por meio de pesquisa de campo.

A Rede- O Dr. Hussam El Dine Zaher, Diretor do MZUSP, é o coordenador geral do projeto. A equipe do Museu Nacional é composta pelo Dr. Sergio de Azevedo, responsável pela paleontologia, e o Dr. Leandro Salles, coordenando a neontologia e a biologia molecular. Pelo Museu Goeldi, a Dra. Heloisa Moraes Santos, da Coordenação de Ciências da Terra é responsável pela área de paleontologia. A Dra. Ana Lúcia Prudente, da Coordenação de Zoologia, coordena os estudos de neontologia e o Dr. Alexandre Aleixo coordena os estudos moleculares. No total, o projeto é composto por 48 pesquisadores, sendo 11 colaboradores estrangeiros e 29 colaboradores brasileiros.
De acordo com Ana Prudente, é importante obter parâmetros nas áreas de pesquisa envolvidas, para que haja uma “compreensão dos processos geradores e mantenedores da biodiversidade atual”, afirma a pesquisadora.
Segundo Ana Prudente, uma rede de pesquisa entre diferentes instituições possibilita troca de conhecimentos “entre pesquisadores de uma mesma área e de áreas distintas, ações que refletem diretamente sobre todos os envolvidos”.
Os estudos iniciaram no início do ano e através do conhecimento científico gerado por esta REDE, pretende-se subsidiar políticas ambientais e constituir um atualizado acervo científico brasileiro.
As pesquisas serão feitas em um conjunto de bacias, como a Bacia Sanfranciscana, localizada no nordeste de Minas Gerais e a Bacia do Marajó, no leste do Pará, além de biomas e cavernas, nas quais serão coletados materiais da época Pleistocênica ( 1,8 milhão a 11.000 anos atrás) e Holocênica (11.000 anos até os dias atuais).
Mamíferos, aves e serpentes serão os grupos recentes a serem estudados. Já os grupos fósseis serão os de répteis, como crocodilos, dinossauros, quelônios, mamíferos e aves.
Objetivo – Com a pesquisa, os estudiosos pretendem verificar a expansão e retração ocorridas entre as espécies analisadas. A partir disso, o grupo de pesquisadores acredita que podem surgir estratégias de conservação e de utilização sustentável da Amazônia e do Cerrado.. Assim, as pesquisas contribuirão para formar um acervo de informação sobre a biodiversidade brasileira, desde a origem até sua a diversificação.
Metodologia – O primeiro passo é fazer a coleta de dados, nas quatro principais bacias sedimentares - Bacia Sanfranciscana, Bacia Bauru, Bacia de Taubaté e na Bacia do Marajó. Outros dados também serão coletados em cavernas cársticas – cavernas formadas pela corrosão das rochas -, e nos biomas da Amazônia e do Cerrado.
As coletas de material fóssil e recente nos biomas serão feitas através de metodologias digitais, as quais não são invasivas ou destrutivas, o que possibilita a obtenção de imagens sem danificar o material analisado. Serão utilizados laser, scanners, tomografia computadorizada, ressonância magnética, entre outros, os quais materializam estruturas internas não visíveis.
As três instituições farão coleta de dados ao longo de três meses. O período previsto de pesquisa é de dois anos, mas pretende-se dar continuidade ao projeto, ainda nessa linha de pesquisa, a respeito dos outros biomas brasileiros.
A coleta de dados ajudará também, como fonte de conhecimento de outras áreas, como a taxonomia, filogeografia, história natural, entre outros.
Instituições de pesquisa da França, Estados Unidos, Inglaterra e Israel também farão parte da Rede através de estudos acerca da distribuição geográfica contemporânea de animais. Pesquisadores brasileiros farão intercâmbio para pesquisar nos acervos dessas instituições, para contribuir com as pesquisas feitas em território brasileiro.
Texto: Lissa de Alexandria

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