quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Bloco Afro Ókánbí vai marcar em Salvador as comemorações do 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra com mais uma edição do Projeto “Zumbi dos Palmares- O canto eterno do povo negro”.

Marca criada pelo publicitário João Silva para o movimento

Ponto de Cultura Afro-brasileira no Engenho Velho de Brotas, o Bloco Afro Ókánbí vai marcar em Salvador as comemorações do 20 de Novembro, Dia Nacional  da Consciência Negra com mais uma edição do Projeto “Zumbi dos Palmares- O canto eterno do povo negro”. Chamando a atenção para o  tema do carnaval do bloco em 2012,  “África 70. Um Tributo a Fela Kuti: A música é a Arma.”,o projeto tem  patrocínio da Petrobrás e Sepromi -Secretaria de Promoção as Igualdade Racial. Este ano será feita  uma homenagem especial ao músico nigeriano Fela Anikulapo Kuti, reconhecido mundialmente como um dos mais brilhantes pensadores do panafricanismo, tendo  lutado até a morte contra a opressão do povo africano pelas oligarquias surgidas com a libertação do continente.
As comemorações começam dia 18 de Novembro, com um cortejo no Engenho Velho de Brotas, às 15 horas. Prosseguem diia 23, com uma programação no Pelourinho, quando serão desenvolvidas oficinas e workshops de percussão, dança afro  no Largo Tereza Batista, das 9 às 12 horas. À tarde, das 13 às 18 horas, no Anfiteatro Professor Alfredo  Thomé de Brito, da Faculdade de Medicina da Ufba, no Terreiro de Jesus o seminário Juventude Negra. Passado Presente e Futuro promove momentos de reflexão sobre as questões dos jovens negros.
.. A partir das 20 horas, no Largo Tereza Batista,  a música entra nas manifestações com a Noite da Consciência Negra, quando artistas comprometidos com  os avanços e embates do movimento étnico, farão  o show “África 70. Um Tributo a Fela Kuti: A Música é a Arma.

Caminhada da Consciência- Pelo quarto ano consecutivo o Ókánbí estará realizando , a Caminhada da Consciência Negra na comunidade, incentivando com isso a prática da cidadania do povo negro baiano, por meio da sua cultura, arte e valores herdados da Mãe África. O cortejo, com aproximadamente 200 pessoas, entre estudantes dos colégios municipais do bairro e das adjacências, sairá do portão de entrada do Parque Boa Vista, incorporando  a comunidade durante o desfile, exibindo alas de dança, percussão (tambores, xequeré e agogôs) e capoeira, entre outras manifestações da cultura de matriz africana.
Na realização da Caminhada, o projeto conta  com o apoio da Secult-Bahia, através do programa Pontos de Cultura da Bahia, e da Secretaria da Educação e Cultura do Municipio-Secult Salvador, que já vem patrocinando  o módulo sócio educativo do projeto Zumbi dos Palmares, atendendo a mais de 300 crianças de escolas públicas de ensino fundamental com atividades de dança, percussão e capoeira. Elas ainda realizam pesquisas para publicar  um documento sobre a importância das revoltas dos negros escravizados.
     Meninos de Deus, Jogo de Ifá,Capoeira Sambuê são participações já confirmadas  no cortejo. Diretor artístico da entidade, o percussionista Jorjão Bafafé, comandará a bateria das  crianças   formadas  em suas oficinas e que fazem  parte do programa de inclusão social do Ponto de Cultura do Bloco, por meio da atividade instrumental. Jorjão aproveita a manifestação para mostrar um novo trabalho que  mistura o seu já tradicional ritmo afrocubano, com o afrobeat de Fela Kuti, homenageado no desfile do Carnaval 2012 do Ókánbí.
Seminário engajado
 Com  participação do Ministro da Diáspora do Senegal e Coordenador do Movimento Panafricanista do Senegal, Lamine Faye, o Seminário Juventude Negra. Passado, Pesente e Futuro dá início a um debate  tendo como alvo principal jovens do movimento Hip-Hop de Salvador e do segmento negro como um todo, na abordagem do tema, Fella Kuti e Juventude Hip Hop: As linguagens artísticas como forma de luta e consciência negra. O debate conta com as presenças, já confirmadas, de Carlos Moore,intelectual cubano, jornalista e escritor, biógrafo oficial de  Fella Kuti, autor do livro Fela. Esta Vida Puta, lançado recentemente em diversas cidades brasileiras. Também presente  na mesa de discussão,Nelson Maka, professor da UCSAL, poeta e militante do movimento Blacktude em Salvador.
              Ao  discutir a importância da música na conscientização  do povo negro,
O seminário alcança seus objetivos, principalmente entre a juventude afro descendente, enquanto  ferramenta de luta e resistência a favor da inclusão e formação da auto estima e identidade da população negra. O seminário foi pensado também como uma alternativa de compartilhamento do legado cultural deixado Fella Kuti, a exemplo da sua resistência contra a opressão imposta pelas oligarquias africanas e sua luta na promoção da igualdade social do povo africano. Sem dúvida, Fella desempenhou seu papel na difusão da cultura africana, com a criação do movimento afrobeat, uma mistura do jazz americano com o rock psicodélico, dentro de uma linguagem questionadora, com endereço certo aos sistemas excludentes.
Noite da Consciência – O show A Música é a Arma- Tributo a felá Kuti projeto musical produzido pelo  Ókánbí finaliza a programação no Largo Tereza Batista a partir das 20 horas colocando no palco artistas identificados com as propostas do músico nigeriano Fela Kuti. A produção do show promete manifestações artísticas de qualidade, nas performances do rap, poesia, DJs, coreografias de danças, exibição de capoeira e música de matriz africana. Fazem parte da grade de atrações nomes como os do percussionista Jorjão Bafafé (Ijexá Pop), o Simples Rap’ortagem, Hip Hop baiano)Lazzo Matumbi (Reggae) e Portela (salsa e musica negra), dentre outros cantores convidados.  

Nos últimos anos o Ókánbi vem  inovando na escolhas dos  do seu desfile no sentido de dar uma cara mais universal  e contemporâne à  cultura africana e suas influências no Brasil e na Bahia. Entende a direção artística do  bloco, representada por Jorjão Bafafé, que a herança e a influência africanas na Bahia vão além da religiosidade e das lutas de libertação dos escravos  instalando-se, poderosa, na música da Bahia, com nuances diversas, como o afro-cubano recentemente  criado por ele. Agora o percussionista investe também no afrobeat de Fela Kuti, a quem prestará um tributo dentro da temática que exibirá no Carnaval 2012 e cujo repertório musical será mostrado em ensaios, a partir dezembro, no Pelourinho.
. O tema “África 70.UmTributo a Fela Kuti. A Música é a Arma” contribui para refrescar a memória da geração afrobaiana das décadas de 70 a 80, quando o movimento afrobeat do artista nigeriano foi difundida pelo mundo, a partir de Londres.
 Que foi Fela- Convém dizer que Fela seria um médico, se não trocasse a academia de medicina, objetivo de sua ida para a Inglaterra, pela Trinity College of Músic,  onde  formou a Banda Koola Lobitos, explorando um novo  e eletrizante ritmo, o afrobeat, mistura do jazz com o rock psicodélico, que resultou em sucesso internacional pela novidade da mistura musical.
 Fela era filho de um pastor protestante e  uma mãe feminista. Foi sensível às causas raciais e de lutas libertárias, Impregnou  sua música com a ideologia panafricanista mantendo sempre acesa a motivação revolucionária em sua música,  com a qual confrontou os governos totalitários de sua época, sendo por isso perseguido e torturado. Morreu em 1987, vitimado pela AIDS, deixando uma história heróica e dramática, revelada em sua música, a qual fez  a sua arma principal.

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