quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Jorge Portugal fala sobre Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira.


Jorge Portugal             Foto: Mario Pires
Professor, consultor, escritor, apresentador de televisão, compositor e palestrante. Jorge Portugal é referência nacional nos temas redação e língua portuguesa. Professor renomado de vários colégios e cursos pré-vestibulares de Salvador proferiu palestras e ministrou cursos em várias empresas, tais como: Petrobras, Copene, Rede Bahia e IRDEB. Apresentou o programa Aprovado, da Rede Bahia, destinando aos estudantes da rede pública estadual e, atualmente, está à frente do programa da TV EducativaÉ Bom Saber. Integrante do Conselho Consultivo da AMAFRO, em entrevista exclusiva, aborda, entre outras coisas, sobre a importância pedagógica do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira.


Qual a importância para Salvador sediar o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira?

Salvador tem todas as credenciais para sediar o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira. Talvez nenhuma outra cidade no Brasil tenha essas prerrogativas, até porque, Salvador é a cidade que tem o maior contingente populacional dos negros fora da África. Esta seria a razão básica para que isso ocorresse aqui. Além do mais, nós temos todo um respeito pela nossa cultura, pela nossa herança cultural. E o museu, nos termos em que ele vai ser montado, um museu dinâmico, tem tudo para melhorar ainda mais essa relação que é altamente positiva e fecundada.

As linguagens artísticas, como o teatro e a dança, serão muito utilizadas no decorrer do museu. O MUNCAB será um museu espetáculo?
Esse museu vai trazer para dentro dele algo que as ruas da cidade de Salvador já conhecem demais. As pessoas aqui são loucas por música, conversam cantando. A arte está tão impregnada no DNA do negro, do afro-descendente, e isso é um fato comum da própria alma da cidade de Salvador. Esse museu vai dar um direcionamento, um ponto de reflexão sobre tudo isso, vai ser um investigador da antropologia dos fatos, enfim, um centro de estudos dessa cultura viva.
E você acha que a partir desse dinamismo, desse museu espetáculo, os estudantes das escolas públicas serão mais atraídos, mais contemplados com esse novo museu?

É justamente isso que vai atrair esses estudantes. A ideia de um museu é de um lugar soturno, com pessoas antiquadas, onde há coisas antiquadas para serem vistas. Ninguém tem nenhum tipo de estímulo para ir, sair de sua casa um dia à tarde e ir para um lugar desses. Quando você pensa em um museu vivo, onde você vai ver música, dança, cinema, onde você vai conhecer a história, onde você vai viver ali a sua cultura, todos vão morrer de vontade de ir visitar o MUNCAB. A sociedade baiana vai ver filas sendo formadas na porta do MUNCAB.

Essa relação do museu-escola, como seria?
Acho que todo museu, na verdade, é uma grande escola. Muitas vezes, ele pode ser mal comunicado, muitas vezes há um equivoco enorme na cabeça das pessoas da função de um museu. Mesmo quando apenas ele expõe coisas, não faz nada mais que isso, já é uma escola! Existe ali uma comunicação de um determinado passado, um determinado período histórico, que as pessoas precisam conhecer para não repetir os erros no presente. E um museu-escola que já nasce com essa mentalidade, através da dinamização das linguagens, do teatro, música, dança, etc. Enfim, é a escola dos sonhos de qualquer pessoa e de qualquer educador. Eu conheço a experiência do Museu Afro Brasil lá em São Paulo e é um sucesso fantástico. Eu não consigo ir à São Paulo e não visitar o museu Afro-Brasileiro. Vamos ter um pouco disso aqui na Bahia.

Então, o MUNCAB vai acabar se tornando uma área de lazer, de discussão da cidade?
Vai sim. Vai se tornar um grande point cultural da cidade. Eu ouso dizer que daqui para frente, quando estiver pronto, em funcionamento, vai ser o maior local de concentração, de reunião, de troca de conhecimento e de saberes das pessoas ligadas à cidade.

Além disso, podemos concluir que o MUNCAB será mais um espaço de afirmação da comunidade negra, de derrubada de estereótipos?

Uma coisa feita nessa magnitude, com esse valor, mostrando nessa dimensão a herança cultural do negro, tudo aquilo que ele construiu para a grandeza desse país, só aumenta a autoestima. Quando você pensa em coisa para negro é aquela coisa miudinha, pequena, feita improvisadamente. Nós vamos construir o museu à altura da dignidade, da importância do negro no Brasil.

 Fonte Correio Nagô
*Entrevista feita por Jaqueline Barreto/ Assessoria de Comunicação MUNCAB

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