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Ponto de
Cultura Afro-brasileira no Engenho Velho de Brotas, o Bloco Afro Ókánbí vai
marcar em Salvador as comemorações do 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra com mais uma edição do Projeto
“Zumbi dos Palmares- O canto eterno do povo negro”. Chamando a atenção para
o tema do carnaval do bloco em
2012, “África 70. Um Tributo a Fela
Kuti: A música é a Arma.”,o projeto tem patrocínio da Petrobrás e Sepromi -Secretaria de
Promoção as Igualdade Racial. Este ano será feita uma homenagem especial ao músico nigeriano
Fela Anikulapo Kuti, reconhecido mundialmente como um dos mais brilhantes
pensadores do panafricanismo, tendo
lutado até a morte contra a opressão do povo africano pelas oligarquias
surgidas com a libertação do continente.
As
comemorações começam dia 18 de Novembro, com um cortejo no Engenho Velho de
Brotas, às 15 horas. Prosseguem diia 23, com uma programação no Pelourinho,
quando serão desenvolvidas oficinas e workshops de percussão, dança afro no Largo Tereza Batista, das 9 às 12 horas. À tarde,
das 13 às 18 horas, no Anfiteatro Professor Alfredo Thomé de Brito, da Faculdade de Medicina da
Ufba, no Terreiro de Jesus o seminário Juventude Negra. Passado Presente e
Futuro promove momentos de reflexão sobre as questões dos jovens negros.
.. A partir
das 20 horas, no Largo Tereza Batista, a
música entra nas manifestações com a Noite da Consciência Negra, quando artistas
comprometidos com os avanços e embates
do movimento étnico, farão o show “África
70. Um Tributo a Fela Kuti: A Música é a Arma.
Caminhada da Consciência- Pelo quarto
ano consecutivo o Ókánbí estará realizando , a Caminhada da Consciência Negra
na comunidade, incentivando com isso a prática da cidadania do povo negro
baiano, por meio da sua cultura, arte e valores herdados da Mãe África. O
cortejo, com aproximadamente 200 pessoas, entre estudantes dos colégios
municipais do bairro e das adjacências, sairá do portão de entrada do Parque
Boa Vista, incorporando a comunidade
durante o desfile, exibindo alas de dança, percussão (tambores, xequeré e
agogôs) e capoeira, entre outras manifestações da cultura de matriz africana.
Na realização
da Caminhada, o projeto conta com o
apoio da Secult-Bahia, através do programa Pontos de Cultura da Bahia, e da
Secretaria da Educação e Cultura do Municipio-Secult Salvador, que já vem patrocinando
o módulo sócio educativo do projeto
Zumbi dos Palmares, atendendo a mais de 300 crianças de escolas públicas de
ensino fundamental com atividades de dança, percussão e capoeira. Elas ainda realizam
pesquisas para publicar um documento
sobre a importância das revoltas dos negros escravizados.
Meninos de Deus, Jogo de Ifá,Capoeira Sambuê
são participações já confirmadas no
cortejo. Diretor artístico da entidade, o percussionista Jorjão Bafafé,
comandará a bateria das crianças formadas em suas oficinas e que fazem parte do programa de inclusão social do Ponto
de Cultura do Bloco, por meio da atividade instrumental. Jorjão aproveita a
manifestação para mostrar um novo trabalho que
mistura o seu já tradicional ritmo afrocubano, com o afrobeat de Fela
Kuti, homenageado no desfile do Carnaval 2012 do Ókánbí.
Seminário
engajado
Com participação do Ministro da Diáspora do
Senegal e Coordenador do Movimento Panafricanista do Senegal, Lamine Faye, o
Seminário Juventude Negra. Passado, Pesente e Futuro dá início a um debate tendo como alvo principal jovens do movimento
Hip-Hop de Salvador e do segmento negro como um todo, na abordagem do tema, Fella
Kuti e Juventude Hip Hop: As linguagens artísticas como forma de luta e
consciência negra. O debate conta com as presenças, já confirmadas, de Carlos
Moore,intelectual cubano, jornalista e escritor, biógrafo oficial de Fella Kuti, autor do livro Fela. Esta Vida Puta, lançado
recentemente em diversas cidades brasileiras. Também presente na mesa de discussão,Nelson Maka, professor
da UCSAL, poeta e militante do movimento Blacktude em Salvador.
Ao discutir a importância da música na
conscientização do povo negro,
O seminário
alcança seus objetivos, principalmente entre a juventude afro descendente,
enquanto ferramenta de luta e resistência
a favor da inclusão e formação da auto estima e identidade da população negra.
O seminário foi pensado também como uma alternativa de compartilhamento do
legado cultural deixado Fella Kuti, a exemplo da sua resistência contra a
opressão imposta pelas oligarquias africanas e sua luta na promoção da
igualdade social do povo africano. Sem dúvida, Fella desempenhou seu papel na
difusão da cultura africana, com a criação do movimento afrobeat, uma mistura
do jazz americano com o rock psicodélico, dentro de uma linguagem
questionadora, com endereço certo aos sistemas excludentes.
Noite da Consciência – O show A Música é a Arma-
Tributo a felá Kuti projeto musical produzido pelo Ókánbí
finaliza a programação no Largo Tereza Batista a partir das 20 horas
colocando no palco artistas identificados com as propostas do músico nigeriano
Fela Kuti. A produção do show promete manifestações artísticas de qualidade, nas
performances do rap, poesia, DJs, coreografias de danças, exibição de capoeira
e música de matriz africana. Fazem parte da grade de atrações nomes como os do percussionista
Jorjão Bafafé (Ijexá Pop), o Simples Rap’ortagem, Hip Hop baiano)Lazzo Matumbi
(Reggae) e Portela (salsa e musica negra), dentre outros cantores convidados.
Nos últimos
anos o Ókánbi vem inovando na escolhas
dos do seu desfile no sentido de dar uma
cara mais universal e contemporâne à cultura africana e suas influências no Brasil
e na Bahia. Entende a direção artística do
bloco, representada por Jorjão Bafafé, que a herança e a influência
africanas na Bahia vão além da religiosidade e das lutas de libertação dos
escravos instalando-se, poderosa, na
música da Bahia, com nuances diversas, como o afro-cubano recentemente criado por ele. Agora o percussionista investe
também no afrobeat de Fela Kuti, a quem prestará um tributo dentro da temática
que exibirá no Carnaval 2012 e cujo repertório musical será mostrado em
ensaios, a partir dezembro, no Pelourinho.
. O tema
“África 70.UmTributo a Fela Kuti. A Música é a Arma” contribui para refrescar a
memória da geração afrobaiana das décadas de 70 a 80, quando o movimento
afrobeat do artista nigeriano foi difundida pelo mundo, a partir de Londres.
Que foi
Fela- Convém dizer que Fela seria um médico, se não trocasse a academia de
medicina, objetivo de sua ida para a Inglaterra, pela Trinity College of
Músic, onde formou a Banda Koola Lobitos, explorando um
novo e eletrizante ritmo, o afrobeat, mistura
do jazz com o rock psicodélico, que resultou em sucesso internacional pela
novidade da mistura musical.
Fela era filho de um pastor protestante e uma mãe feminista. Foi sensível às causas
raciais e de lutas libertárias, Impregnou sua música com a ideologia panafricanista
mantendo sempre acesa a motivação revolucionária em sua música, com a qual confrontou os governos totalitários
de sua época, sendo por isso perseguido e torturado. Morreu em 1987, vitimado
pela AIDS, deixando uma história heróica e dramática, revelada em sua música, a
qual fez a sua arma principal.
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