domingo, 29 de julho de 2012

Mãe Beata grava documentário biográfico em Cachoeira


A ialorixá Mãe Beata de Iemanjá volta a Cachoeira para protagonizar documentário sobre sua vida. Produzido pelo seu filho caçula Aderbal Ashojun, que já trabalha na área de audiovisual, o documentário procura reviver alguns caminhos percorridos por sua mãe durante seus 79 anos de vida.
Aderbal justifica a idéia da produção pela necessidade de exaltar uma faceta de sua mãe que foi de certa forma esquecida por outros trabalhos feitos a respeito de sua vida. “Minha motivação foi a partir da necessidade de mostrar o outro lado de minha mãe, aquela que é sofrida, batalhadora e que não é só a representante do Candomblé”, alega. Para ele, falta esse outro olhar sobre a história de sua mãe “porque politicamente não interessava exaltar uma mulher negra, pobre e vinda da Bahia que venceu na vida e cultua a religião do Candomblé”.

Ele relata que seu contato com esta religião de matriz africana é “anterior” ao seu nascimento que ocorreu dentro do terreiro “debaixo do pé de Iroco”. “Dentro do terreiro de Candomblé, já havia um médico de pré-aviso sobre meu nascimento para auxiliar minha mãe na hora de meu parto, que foi cesariana porque ela não tinha passagem suficiente”, conta.
Sobre sua infância dentro de uma família ligada às tradições africanas, Aderbal ressalta a “particularidade” de ser criado sob os preceitos do Candomblé. “A maior obra realizada por minha mãe foi criar meus irmãos e a mim sob os princípios da verdade, do respeito ao próximo e à natureza”, destaca.
Hoje, ele dirige uma ONG vinculada à preservação da natureza e educação ambiental dentro dos terreiros de Candomblé, com a parceria do INGÁ – Instituto de Gestão das Águas e Clima, do Governo da Bahia, da Secretaria da Cultura, do Omo Aro Cultural e do INTECAB – Instituto Nacional da Cultura Afro-Brasileira. O projeto Oku Abo procura garantir que as comunidades de terreiro tenham acesso às lagoas e cachoeiras, além da livre expressão de sua religiosidade e conservação de seus bens naturais.
De Cachoeira para o mundo
Mãe Beata de Iemanjá foi iniciada no Candomblé por Mãe Olga do Alaketu, no terreiro de Ilê Maria Laji, em Salvador. Participou de inúmeros eventos, muitos deles internacionais divulgando a importância da religião de matriz africana pelo mundo, em países como Holanda, Alemanha e Estados Unidos. Ela possui inúmeros projetos sociais ligados ao seu terreiro de Candomblé, localizado no Rio de Janeiro, cidade que adotou para viver. Para ela, sua missão na terra é dar voz aos mais fracos e desvalidos. Mãe Beata mantêm ainda um site de sua ONG Criola, voltada para o trabalho com mulheres, adolescentes e meninas negras no Rio de Janeiro.
Ela ficará na cidade até a próxima semana, onde irá fazer as gravações de algumas tomadas de seu documentário na sua cidade natal, Cachoeira, em seguida retornará para o Rio de Janeiro.
por : Taísa Silveira

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