Ele chegou. A figura emblemática de Luís Inácio Lula da Silva “pousou” como uma pomba branca no Aeroporto Luís Eduardo Magalhães , nome do filho de um dos seus maiores opositores políticos , e foi recepcionado pela mão estendida do poeta Castro Alves na “Praça do Povo”. O que os dirigentes políticos do PT não contavam foi com número de soteropolitanos “empolgados” com a chegada de Lula na capital baiana.
Conhecida por reunir em seus espaços públicos, “tombados” pelo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Salvador não mostrou nem de longe o seu potencial de mobilização em prol da justiça social na “dança das cadeiras” que antecede as Eleições Municipais 2012. A mesma Praça Castro Alves referenciada por reunir milhões de foliões durante a folia momesca, não serviu de palco para a “expressiva” figura política do ex- presidente Lula na tentativa de salvar a candidatura do intitulado “ advogado do povo” e ex- deputado federal Nelson Pelegrino.
Por que Castro Alves, poeta célebre de obras como “Navio Negreiro”, “Tragédia no Lar” e “Espumas Flutuantes” não emocionou junto a Lula , figura representativa da oposição , sindicalismo a tempos atrás, o coração dos cerca de 2.675.656 de habitantes [Dados do IBGE 2012] da capital baiana?
Na “Terra dos Encantos Axé e da Felicidade” onde 85% da população é predominantemente negra e que, dentro desta mesma linha estática, 87/% das famílias soteropolitanas [162.408 famílias] são cadastradas pelo Programa Bolsa Família [Dados do Centro de Referência da Assistência Social – CRAS] , por que os soteropolitanos não apareceram na “Praça do Povo” para dizer “ Obrigado!” a Lula; então responsável pela propaganda exaustiva deste “método/programa popular” de redução da pobreza e da miséria nas áreas periferias da capital baiana?
Num ano eleitoral “atípico” onde às figuras políticas candidatas a vice- gestão municipal são afrodescendentes [ Olívia Santana ,Célia Sacramento ,Nestor Neto], qual seria o diagnóstico exato para a presença vexatória de apenas 5.000 ( cinco mil) pessoas na casa do poeta Castro Alves?!
Voltando para 1847, podemos respaldar o apoio de Castro Alves ao então “popular” Lula em seu poema “Beijo Eterno” ao ser flagrado pelas câmeras de tv ao lado do então “exilado/procurado” da polícia federal estrangeira Paulo Maluf.
“...Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!
…”
Parafraseando o poeta Castro Alves, podemos afirmar tranquilamente que o trecho citado acima: “nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio” nada mais é que a “cumplicidade” reverbera a luta alcançada pelo desejo constante de alcançar as massas populares através de discursos efervescentes para a mobilização e a conquista de votos. Seria este o diagnóstico da “apatia política” da capital baiana?
Por que as cantoras Ivete Sangalo, Daniela Mercury e até a que se intitula “ nêga loira” Claudia Leite conseguem mobilizar verdadeiras multidões em espaços públicos tombados como a Praça Castro Alves , o Mercado Modelo e o Farol da Barra e a figura cinematográfica de Lula , “ o filho do Brasil” , não mais apresenta tanta euforia entre os eleitores baianos?Vale ressaltar que o “o filho do Brasil” é o atual responsável pela gestão participa da nossa república federativa democrática em ações políticas de relevância história em todo o mundo desde que a “explosão” do Programa Bolsa Família e demais auxílios federais impostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) foram implantados por aqui.
Seguindo em frente, nos perguntamos o motivo pelos quais apenas dirigentes e filiados, divulgado pela imprensa como sendo cinco mil pessoas dos partidos de apoio a candidatura de Nelson Pelegrino, compareceram a mobilização política numa sexta feira , ao pôr do sol na praça do poeta que escreveu “Boa Vista”dizendo a Lula :
“...Oh! jardim solitário! Relíquia do passado!
Minh'alma, como tu. é um parque arruinado!
Morreram-me no seio as rosas em fragrância,
Veste o pesar os muros dos meus vergéis da infância...”
Seria esta pergunta do poeta a Lula, ao estender-lhe a mão, questionando o silêncio do então candidato Nelson Pelegrino diante da greve estadual da polícia municipal e dos professores? Negros e negras, cadastrados e beneficiados pelos mais diversos tipos de bolsa federais de auxílio à pobreza, alvo de uma gestão cada vez mais corrupta, teriam enfim se utilizado do direito de manifestar a sua indignação através da “ausência maciça” desta mesma classe eleitoral periférica?
Castro Alves em um ato de bondade “estendeu” a mão a Lula. Jaques Wagner em um ato político premiou o ex- presidente em seu Palácio Rio Branco. E o povo não esqueceu que, o então candidato Nelson Pelegrino, não se posicionou nem na greve dos professores e nem na greve dos policiais.
O que dizer?
O que pensar?
Seria o “Salvador Fest, Muquifest, Samba Salvador e o Circuito Baiano de Samba, festas privadas que mobilizam cerca de 250 mil pessoas, com aceitação mais expressiva das classes populares que pagam o valor equivalente a 1 botijão de gás para adquirir 1 camisa colorida para bater palmas e se emocionar com quem não vai gerenciar sua cidade ?
Por que a mesma gestora que anteriormente era vitimizada pelo “Carlismo”, atualmente resolveu acatar o silêncio? Por que umas das figuras representativas do negro movimento da capital baiana cedeu a pressão de uma vice-candidatura onde o negro na capital baiana não é “a Raiz da Liberdade”,segundo Dona Ivone Lara?
Estaria os soteropolitanos que não tem acesso aos grandes pensadores da classe negra como Abdias Nascimento, Milton Santos e o então juiz Joaquim Barbosa, entendendo que eles estão de fato “ desempregados” e não são “empreendedores individuais” como diz a gestão federal? Estaria os soteropolitanos entendendo que os mesmos programas de bolsa auxílio no qual são castrados os torna “reféns” de uma “rede de troca de favores” políticos que já dura quase 12 anos no poder?
Estaríamos nós soteropolitanos, frustrados pelos índices divulgados do genocídio da população negra mesmo com programas milionários como o “Pacto pela Vida” e a chegada das “Unidades de Pronto Atendimento – UPAs” ?
Como solucionar os embates do atual “cenário” político da capital baiana?
O desControle Social é a ponta deste “iceberg tropical” que deixou congelada a vontade política da população baiana?
“Todos por Salvador” ainda que “Salvador Tem Jeito” e seja tempo de que “ Pra Defender Salvador” seja necessário que você “Bote Fé” no que você não acredita mais – Uma Política Sem Corrupção.
Foto/Fonte: Google
Patrícia Bernardes Sousa é Jornalista com Extensão em Direitos Humanos com Segurança Pública
MBA em Gestão Controle e Contabilidade Aplicada ao Setor Público
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