RAFAELA CARRIJO: "Durante anos os homens cozinharam os corações das mulheres, mas o varão do século XXI coloca as mãos nas panelas para conquistar apaixonadas."
Por RAFAELA CARRIJO
Desde que o mundo é mundo já foi declarada a tal guerra dos sexos. Homem é esquisito, mulher é complicada, a disputa de poder parece infindável, mas independentemente da lista de reclamações contra o sexo oposto, não vivemos uns sem os outros. Essas diferenças que nos completam, palpitam em nosso peito e nutrem a vida.
Quando nos vemos no auge dos conflitos com o mundo masculino, quantas de nós já nos sentimos como se os homens cozinhassem nossos corações? Eles parecerem peritos na receita que controla a sopa dos nossos sentimentos. Desde meninas, nos víamos aflitas na espera do telefonema do primeiro pretendente, na vida adulta, nos sentimos cozinhadas até chegar a hora do pedido de casamento e em muitos instantes nos vimos à deriva, enquanto esperávamos a decisão de algum machão. Oras bolas, quanta petulância! Não é à toa que enchemos a paciência e invertemos os papéis. Há muito tempo deixamos a posição passiva da donzela que fica à espera para nos tornar ativistas políticas, líderes, profissionais e volta e meia cozinhar corações dos últimos românticos.
Só que o varão do século XXI desenvolveu novas armas de sedução. É que em vez da imagem de senhor feudal dos homens de antigamente, outras qualidades que seriam consideradas femininas têm contado ponto para conquistar a mulherada. Uma pesquisa de um site alemão de relacionamentos mostra que as jovens estão em busca de homens independentes, capazes de fazer serviços domésticos, que queiram dividir as tarefas da família e que saibam cozinhar. Pelo menos na Europa, o teste do fogão invadiu o mundo dos barbudos.
A boa comida virou um dos elementos de destaque no jogo da conquista. Quem tem mais chance com as beldades não são aqueles que as levam para jantar, mas o cara prendado que saiba preparar um bom refogado. A espécie que tanto cozinhou os corações da mulherada, agora coloca literalmente as mãos nas panelas com o intuito de conquistar apaixonadas. Eles não economizam ingredientes para ganhar as damas pela boca e apelam para receitas e temperos que apurem secretamente os sentidos das moças.
Conquistar uma mulher através de uma boa refeição não desconstrói em nada a masculinidade de um homem, pelo contrário, essa saborosa gentileza é considerada por muitas como uma atitude de macho. Assumir o comando das panelas não significa que a mulher vá seguir a escola culinária do marido. Os atributos gastronômicos possivelmente serão tratados como algo charmoso para ser usado ocasionalmente, pois a maior parte delas ainda prefere decidir sozinha o cardápio de casa. Por isso os pretendentes a Don Juan não precisam temer os utensílios de cozinha. Fazer o jantar é uma oportunidade para explorar territórios no campo minado que une e repele os sexos e um jeito de demonstrar interesse. Aí os rapazes se perguntam porque não escolher um restaurante fino e apenas cavar os bolsos. É simples: O principal ingrediente do amor é a atenção e um prato cozido com paixão pode encurtar o caminho para o coração. Amador ou chefe gourmet, não importa, o que vale é assumir o espetáculo dos pratos. As mulheres apreciam homens na cozinha.
Como eu nasci no Brasil e já passei dos trinta, nunca esperei um pretendente que soubesse gerir muito bem uma cozinha. Num país machista como o nosso, os homens de antigamente parecem assumir uma distância segura do fogão. Por isso que eu acho que acertei na loteria, casei com um alemão que além de ser um belo exemplo viril de sua raça, ainda sabe se virar muito bem com tarefas domésticas e com o fogão. Até ele ficou surpreso quando descobriu que no Brasil alguns maridos, às vezes, assumiam a cozinha, sem preguiça e sem vergonha. A maior parte dos que aceitam o avental é descendente direto de europeus e desempenha a tarefa com descontração, como é o caso de Antônio Veroneze e de Branco Leone, o primeiro filho de italianos e o segundo herdeiro de portugueses, ambos mestres cucas que entraram para a minha famíla.
CLIQUE NA GALERIA E CONHEÇA O APETITOSO DUELO MASCULINO NA COZINHA, AÍ É SÓ ESCOLHER SE QUER SE LAMBUZAR DE MOLHO DE ESPAGUETE OU SE PREFERE ENFIAR O DEDO NO CURRY.
* Rafaela Carrijo é uma contadora e ouvinte de histórias. Brasileira com orgulho e andarilha por destino, adotou a Alemanha como pátria por paixão. Como repórter, a encanta ouvir os entrevistados e investigar a realidade para transformar fatos em notícias. Como narradora, a inspira contemplar detalhadamente o mundo para estampar nos seus textos preciosidades de suas andanças. Fascinada por descobertas, a escrita é sua ferramenta para alimentar pessoas com sonhos e um punhado de narrativas.
Fonte: estilo.br.msn.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário