terça-feira, 10 de setembro de 2013

A criação diária de Enéas Guerra (designer, ilustrador, editor e autor de livros infantis)

A criatividade faz parte do cotidiano do designer, ilustrador, editor e autor de livros infantis Enéas Guerra, paulista radicado na Bahia há 41 anos. Atento às questões étnicas e identitárias brasileiras, criou há 20 anos, em parceria com a esposa, a designer Valéria Pergentino, a Solisluna Design e Editora, localizada em Vilas do Atlântico.

Trata-se de um estúdio de criação, edição e design voltado para as artes gráficas - livros, exposições de caráter histórico, antropológico e institucional, cartazes, capas e CDs, ilustrações e projetos de identidade visual. O investimento vem priorizando autores baianos ou residentes na Bahia.

Enéas, 62, formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), aparenta ser um homem bem tranquilo. Sua cabeça, entretanto, é de um menino inquieto, que tem prazer em gerar, conceber, inventar coisas. Pai de Nemo, Athos, Iam e Kim, conta que desde cedo, ainda garoto, descobriu o talento para desenhar e criar. 

Coautoria com Verger

Entre os inúmeros trabalhos que realizou, vale destacar as edições de arte de vários livros do etnólogo e fotógrafo Pierre Verger. Enéas também é coautor de dois livros de lendas dos deuses africanos com o mestre Fatumbi - Oxóssi, o Caçador e Lendas dos Orixás, publicados em 1981. Foi um dos criadores da editora Corrupio.

Com vários trabalhos gráficos em livros e revistas editados no Brasil e no exterior, Enéas só mais tarde descobriu o talento de contador de história. O resultado é que também virou autor dos livros infantis Vaporzinho e Que Bicho Doido!, editados pela Solisluna. As obras chamam atenção pela beleza do design, aliás, uma grande preocupação da editora.

"As pequenas editoras concorrem com as grandes e, por isto, temos que caprichar, fazer bem feito. Cada livro tem o seu tempo, sua história", afirma Enéas, que ressalta que na Bahia há uma grande quantidade de autores, "mas entendemos que não basta só fazer o livro, ele tem que ser distribuído", afirma, defendendo leis de apoio à publicação no País.

Preconceito

Driblar o preconceito de algumas distribuidoras em relação ao Nordeste é outro problema enfrentado por Enéas e pela editora Solisluna, que tem difundido obras como poesia e prosa, romances, ensaios e estudos afro-brasileiros, além de livros de arte e infantojuvenis.

No catálogo da editora há, entre outras, obras da fotógrafa Iêda Marques, da designer Goya Lopes, da jornalista Katherine Funke e da artista plástica Sônia Rangel.

Elas se juntam a publicações empresariais de grande valor histórico, a exemplo de Um Século de Jornalismo da Bahia -- 2012-1912, de A TARDE . 

Depoimentos

O jornalista José de Jesus Barreto, que, entre outras obras, publicou na Solisluna Pastinha - O Menino que Virou Mestre de Capoeira, com ilustrações de Cau Gomez, ressalta em Enéas "a criatividade extraordinária e o domínio das técnicas de designer e ilustrador".

Barreto frisa que "trabalhar com Enéas é muito prazeroso, porque ele age em equipe e ouve muito". "É uma figuraça!", acentua. 

A artista plástica e ilustradora Edsoleda Santos, que, entre outros, publicou na editora a obra Ibejis, ressalta em Enéas a criatividade e a generosidade. "Ele não é uma pessoa egoísta e dá oportunidade a outros artistas de trabalhar com ele", acrescenta. 

Sônia Rangel, artista plástica e professora da Ufba, que publicou na editora Olho Desarmado e Casa Tempo, ressalta: "Enéas é um artista maravilhoso, um criador de primeira linha na área do designer nacional".


Nenhum comentário:

AS MAIS ACESSADAS

Da onde estão acessando a Maria Preta