terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Novos Designers

Ao alcance dos olhos (e das mãos)

Às vésperas do Natal, exposição em cartaz na Vila Madalena se propõe a oferecer peças criadas por designers da nova geração por preços convidativos


Cadeira Old, de Tati Freitas, de madeira, acrílico e resina

Marcelo Lima – O Estado de S. Paulo

Nem as grandes lojas de departamento com seus produtos indiferenciados. Nem os templos do alto design, com suas coleções exclusivas e seus dígitos surreais. Para o diretor criativo Ricardo Gaioso, o consumidor de design no Brasil anseia por uma terceira via de acesso a seus objetos de desejo. “O que busco é encontrar o meio-termo entre o sonho e a realidade. Afinal, o primeiro passo para poder voar é ter os pés no chão”, pondera.
E foi assim, transitando entre esses dois extremos, que ele concebeu Prototype, exposição em cartaz até o dia 22, em um antigo casarão antes ocupado por um showroom de moda multimarcas, na Rua Harmonia,71, Vila Madalena. No programa, um afinado time de designers da nova geração, com criações recentes comercializadas por inéditos preços. “Sim, todas as peças em exposição estão à venda. Algumas em pronta entrega, outras, por serem protótipos, mediante pedido”, adianta o curador.

Entre as oportunidades ao alcance dos visitantes, um andar inteiro pontuado por itens como luminárias de Maurício Arruda, por R$ 350, ou de Alisson Louback, por R$ 692. Pratos de sobremesa criados por Brunno Jahara, por R$ 270, ou a mesa Arab, do estúdio Nada se Leva, por R$ 990. Depois, em área reservada às peças únicas, cada peça de Extacity, obra do croata Marco Brajovic, de ouro de 24 quilates, por R$ 2.500.

Especializado em definir estratégias de marketing para empresas de atuação global – foi dele a curadoria de Mangue Groove, instalação de Guilherme Torres, apresentada pela Swarovski, na Design Miami, realizado no início deste mês – Gaioso, em sua primeira coletiva, acredita que o mercado já está saturado de produtos meramente funcionais, com potencial estético apenas mediano, quando não cópias. Daí a lógica da exposição.
“Prototype foi pensada para agradar a quem pretende se comunicar através dos espaços que habita. Jovens urbanos que veem no design uma nova possibilidade de expressão artística, propiciada, sobretudo, pela produção independente nos pequenos ateliês. Para esses consumidores, é isso que confere a cada peça um sentido especial. Capaz de traduzir tanto a personalidade do designer quanto a sensação de exclusividade do produto”, diz.

Foi com vistas a atender esse público que, ao selecionar os participantes, ele procurou se concentrar em nomes que pudessem ir além do binômio funcionalidade e estética. “Para emocionar, é preciso contar com uma boa história por trás das peças. São elas que agregam vida aos objetos, que despertam o desejo de querer levá-los para casa”, comenta o curador, citando como exemplo as mesas com tampo de madeira reaproveita, produzidas por Fernanda Barretto e Marcelo di Benedetto, da Oficina UmaUma.
“Trata-se de uma produção que tem como mote o reutilização de matéria-prima. Basicamente, materiais que, deslocados de seu contexto original, ganham um novo ciclo de vida útil, por meio de novas formas e funções”, resume ele, apontando uma das temáticas mais recorrentes da mostra. Perceptível, igualmente, nos pendentes criados por Maurício Arruda, com galões de vidro recortados, suspensos por fios e clipes elétricos.
A fuga da realidade, por sua vez, está bem representada pelas pílulas de ouro 24 quilates gravadas à mão. Cada uma criticando algumas das principais mazelas do urbano, como a falta do belo, a arquitetura de baixa qualidade e o uso excessivo do carro. No extremo oposto, a natureza, vista pelas lentes do estúdio Nuun, vem representada por uma mesa compartimentada, que expõe em seus nichos pedaços da pedra pirita em estado bruto.
Outra parceria digna de nota, com suas criações de timbre surrealista, foi formada pela artista plástica Monica Piloni – conhecida por suas polêmicas bonecas – e pelo designer venezuelano Pedro Useche. Como mote, se servir do corpo humano como base para a criação de itens de mobiliário. Cabeças e pernas que subitamente, sem pudor, se veem transformados em porta-objetos e em protótipos de móveis.

Completando a seleção, nomes que flertam com a cena internacional, como Zanini de Zanine, destaque na última coleção da italiana Cappellini, Rosa Pinc e suas cerâmicas, o estúdio Nada se Leva, de Guilherme Leite e André Bastos, além de Felipe Protti, Flávio Castro e Guilherme Wentz, vencedor da premiação alemã iF Award deste ano com sua linha de utilitários para a Riva. “O mais importante é que o público perceba que, para além de seu papel funcional, o design pode assumir uma dimensão emocional em casa. Se isso acontecer, já dei meu recado”, conclui Gaioso.


Luminária Lumi Bloco, da Oficina UmaUma, de concreto, aço e madeira

Porta-objetos Caixa Craniana, de Monica Piloni e Pedro Useche, de resina, prótese ocular e veludo

Mesa de Centro Marchetaria, de Fernanda Barretto, com base de ferro e lâminas de ipê e imbuia

Mesa Aurea, da Nuun, com base de concreto e estrutura metálica de aço carbono. No tampo, fragmentos de rochas


Pílulas Extacity, de Marko Brajovic, de ouro 24 quilates e acrílico

Luminária Parente, de Mauricio Arruda, feita com garrafão de vidro, grampo industrial e fio colorido


Mesa Troncone, da 80e8, de madeira


Cadeira Trevo, de Felipe Protti, misturando madeira, ferro e tapeçaria

Lanterna Plunger de Hugo Sigaud, feito com um desentupidor de pia e enrolador de cabos, de plástico 
Mesa Aurea



Fonte: estadao.com.br

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