sexta-feira, 14 de março de 2014

Mãe Stella quer ação de estímulo à leitura


Cleidiana Ramos

No artigo intitulado De Grão em Grão, publicado na edição do último dia 26 de fevereiro em A TARDE, Maria Stella de Azevedo Santos, ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, revelou que tem o sonho de viabilizar uma biblioteca ambulante.

O acervo proposto por ela será formado por livros voltados para o despertar do sentimento de religiosidade.

Para a ialorixá, que é membro da Academia de Letras da Bahia (ALB), a biblioteca ambulante será um bom auxílio no combate à disseminação da violência.

"Peço a ajuda de pessoas físicas, empresas particulares, governamentais, enfim, peço ajuda aos homens e mulheres de boa vontade, que sabem que não basta apenas reclamar, nem apenas sonhar, tem que concretizar", diz um trecho do artigo de Mãe Stella.

Em outra parte do texto, Mãe Stella afirma contar com os benefícios da solidariedade capaz de se organizar em rede.

"Sendo assim, espero agora receber muitos e-mails com oferecimento de ajuda (não importando a forma nem o valor a ser oferecido), para que eu possa dizer, parafraseando Irmã Dulce: Que os orixás lhes paguem com bênçãos de todos os tipos".

Início

Duas semanas após a publicação do texto, a ideia de Mãe Stella já começou a ganhar mais corpo. Segundo a ialorixá apareceram algumas ofertas de ajuda.

Contribuições em dinheiro devem ser depositadas na conta da Sociedade Cruz Santa do Ilê Axé Opô Afonjá (Banco Itaú, Agência: 0665, Conta: 13709-7 ).

A Fundação Pedro Calmon, órgão da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), por meio do sistema de bibliotecas públicas, vai apoiar o projeto.

Cristina Santos, diretora de bibliotecas públicas da fundação, diz que vai colocar à disposição os detalhes da experiência do órgão com bibliotecas móveis.

"Estamos prontos para levar a Mãe Stella os detalhes da nossa experiência com as bibliotecas ambulantes", afirma Cristina.

O projeto realizado pela Fundação Pedro Calmon conta com três ônibus adaptados. Dois são usados como biblioteca. O acervo é formado por livros escolhidos com base na Lei 10.639/2003. A legislação estabelece o ensino de história da África e cultura afro- -brasileira.

O terceiro veículo é usado para feiras literárias. Além disso, a fundação tem instalado espaços de leitura em terreiros de candomblé sediados em Salvador.
"Estamos discutindo agora um novo projeto para fornecer cursos de mediadores de leitura direcionados aos terreiros. A nossa ideia é que os acervos possam ser ainda melhor trabalhados nesses espaços", diz Cristina Santos.

As bibliotecas móveis também têm se deslocado para cidades do interior baiano, como Alagoinhas, Cachoeira e Santo Amaro.

Literatura

O projeto de Mãe Stella para estimular a leitura, partindo de temas ligados à religiosidade, é mais uma ação da ialorixá que tem trabalhado no sentido de aproximar oralidade e escrita.

Mãe Stella é autora de livros como Oxóssi - O Caçador de Alegrias; Òwe - Provérbios; Epé Laiyé - Terra Viva, voltado para o público infantojuvenil; Opinião; Ofún, dentre outros títulos.
Quinzenalmente, ela escreve artigos para A TARDE, sempre às quartas-feiras. Mãe Stella é a primeira ialorixá que se tornou articulista fixa de um jornal de grande circulação no Brasil.

Seus textos trazem reflexões sobre a filosofia do candomblé associada a eventos da vida cotidiana e tem conquistado um público de leitores cada vez maior.


Fonte: Portal A TARDE

Nenhum comentário:

AS MAIS ACESSADAS

Da onde estão acessando a Maria Preta