sexta-feira, 25 de abril de 2014

Brasil: Segue a matança dos sem-nome e sem-rosto


Em Copacabana, dois assassinatos, ruas fechadas e incêndios. Em Osasco, um homicídio e 34 ônibus incendiados. Na Bahia, greve da PM. Com 106 assassinatos em cinco dias.

Na greve de 2012, liderada pelo soldado Prisco, 177 homicídios. Prisco é vereador do PSDB, e candidato a deputado estadual. Está preso na Papuda, no Distrito Federal, por ordem do Ministério Público Federal. 

Dos 106 mortos da greve da última semana, a maioria tinha menos de 25 anos. Em Feira de Santana, 46 homicídios. Em Salvador, a matança se deu nas mesmas áreas dos assassinatos da greve passada.

Por meses recolhi laudos periciais daquela matança, a de 2012… 72 dos mortos foram executados. Com tiros na nuca, rosto…na cabeça.

Os assassinos usaram toucas ninja, quase sempre pistolas ponto 40 – de uso exclusivo da polícia- e limparam as cenas dos crimes. A suspeita quanto aos autores é óbvia.

Nos laudos, por falta de investigação, o veredito: "Autoria desconhecida". Em dois anos, só no rastro das greves da PM de Prisco na Bahia, 283 assassinatos.

Os mortos são mera estatística. Pobres ou miseráveis e, por isso, mortos sem nome e sem rosto, com raras exceções.

Uma das exceções, e isso por conta do onde trabalhava, Douglas Rafael da Silva Pereira, dançarino no "Esquenta" de Regina Casé, da Tv Globo, morto em Copacabana. 

Greve de PM é ilegal. No Rio Grande do Norte, PMs e bombeiros entraram em greve na última terça-feira, dia 22.

No réveillon de 2012 o governador do Ceará, Cid Gomes, rendeu-se à greve da PM, e confessou a um amigo: "Tive que engolir, goela abaixo".

No mesmo ano, Jaques Wagner foi emparedado pela PM baiana. O mesmo em Brasília, em estados ao norte do Brasil, e no Rio de Sergio Cabral, com PMs, bombeiros… fora as milícias de sempre.

O mesmo em São Paulo, com 106 PMs mortos em 2012 e, bem além da "lei do talião", 10 mortos a cada PM assassinado.

Em Osasco, na Baixada Santista, Guarulhos… estado adentro, denúncias de grupos de extermínio integrados por policiais. Idem em Alagoas, Goiás… Brasil afora. 

Em 88, a Constituinte recomendou uma Política Nacional de Segurança Pública. Nada saiu do papel.

Não saiu porque governadores são reféns das suas guardas pretorianas. 

Não saiu do papel porque a sociedade que pode não está nem aí; tem suas casamatas, blindagens e segurança privada.

Nada saiu do papel porque a sociedade que não pode, só… não pode. São, em média, 50 mil assassinatos a cada ano, há mais de três décadas. 

O que têm a propor candidatos a governos e legislativos? Com quem estão debatendo e articulando soluções para essa tragédia? 

O que é mais importante do que a vida? 

Com a palavra, candidata e candidatos à presidência da República, aos governos estaduais e legislativos. E, por favor, nos poupem das promessas vazias da marquetagem.


Fonte: Terra

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