Ontem no teatro castro Alves tive uma das noites mais emocionantes da minha vida.
Fui receber o prêmio braskem de teatro pelo conjunto da obra.
Premio de nome pomposo o que me deixa um pouco tímido mas fui la enfrentar a fera.
Sai do hotel tranquilo, mas já ao chegar no teatro meu coração disparou ao encontrar tantos ídolos, atores que fazem parte da minha formação por tudo o que vi deles em cena. Alguns que já a muito tempo não tem podido pisar no tablado, outros que heroicamente resistem e uma nova geração que vem contribuindo muito para manter viva a chama desse nosso e tão bom teatro feito na Bahia.
A cerimônia começa e vem o balé folclórico da Bahia. Arrepio.
Angelo Flávio ganha e faz um discurso contundente e me alimento do seu vigor e olho para os lados e identifico esse mesmo vigor nos novos baianos meninos que buscam o seu lugar num cenário difícil, mas ainda tão vivo que é o mercado cultural baiano. O que é que falta a nosso mercado, o que perdemos, pelo que precisamos lutar para nosso teatro? Essa pergunta fica na minha cabeça martelando assim como a agonia do momento que chegaria mais a frente. Subir ao palco.
Quando chega a hora sou surpreendido por meu mestre zebrinha como o responsável por me entregar a estatueta. Me tremi, esqueci o discurso que tinha preparado, me desorganizei todo. Zebrinha é muito importante na minha vida e foi quem me ensinou a ter respeito pela minha profissão.
Subi, sei la o que falei, mas hoje acordei feliz e com um outro pensar.
Ser um ator baiano é o que mais me define como artista, ser um ator negro baiano mais ainda. Parece uma frase perigosa, mas não é e tenho muito orgulho de assim ser. Tenho isso colado na minha pele como uma tatuagem que se enraíza na alma.
Na minha lista de orixás realmente tenho também Mário Gusmão e Carlos petrovich.
Tudo o que o bando de teatro olodum me proporcionou, meus amigos atores de todas as gerações que por la passaram e permanecem. Lembrei de cada rosto e cada experiência vivida e só nos sabemos não é amigos? E fiquei com auristela na minha cabeça...
Márcio e sua criatividade constante, chica e sua sabedoria, jarbas e seu talento, tantas historias... Obrigado bando.
Pena que vcs não puderam estar amigos, mas estar no acre fazendo teatro e estar. Junto. É estar no palco e tem um cordão que sei ligou os dois palcos.
Agora como um turbilhão só imagens saltam:
Rai Alves me ensina a fazer meu primeiro curriculum, alberico me ensina a andar num palco, dom Quixote ( queria ter visto todo o elenco que fez esse espetáculo e que inclusive alguns permanecem no vila também em cima daquele palco na homenagem ao vila, o vila é multidão mesmo. Mas em se tratando de vila estar na plateia também e estar no palco. Somos muitos), meia noite se improvisa, guerra de canudos e revolta dos alfaiates na concha acústica, Gregório de matos, casamento do pequeno burgues, Tereza Araújo, cuida bem de mim, tambor, atores atores atores, mais tambor, rivaldo, sorrisos, produção, direção, tambor, ver nada será como antes 12 vezes, wag, vlad,longas caminhadas a altos papos pra economizar o do transporte, viagens, historias sobre um mês comendo frango em turne, publico, menos publico, publico de praça publica, mais tambor e uma porrada intensa num repique saldando e agradecendo a tanta gente por formar essa tatuagem que já esta no meu corpo todo e nunca sairá.
Viva o teatro baiano!
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