segunda-feira, 18 de agosto de 2014

CENSURA NA DEMOCRACIA PETISTA

JORNAL “A TARDE” E A VOLTA DA CENSURA NA “DEMOCRACIA PETISTA” 

O jornal baiano A Tarde resolveu nos levar de volta aos dias grotescos da CENSURA. Com uma diferença: se a censura, na época da ditadura militar, tinha caráter político-ideológico (por mais estúpido e cretino que fosse), a onda de censura agora promovida por A Tarde diz respeito unicamente a interesses financeiros da empresa. Primeiro, censuraram a escritora Aninha Franco, que não aceitou a imposição e mandou o jornal à merda. Agora, me censuram. Pelo mesmo motivo – criticar governos do PT – e com a mesma consequência, já que também não aceito a censura e deixo, portanto, de escrever nas páginas da sentinela do conservadorismo baiano, hoje uma empresa em luta desesperada para sair da enrascada financeira em que se meteu. 

Sobre a censura a Aninha Franco, com a proibição de texto escrito para sua coluna “Trilhas”, publicada em “Muito”, a revista dominical do jornal, a própria escritora esclareceu o ocorrido. Eis sua nota pública sobre o caso: 

“Segunda, dia 9, como de hábito, enviei o texto da Trilha de 15 de junto, próximo domingo, às editoras da Muito. Pouco depois, recebi um telefonema da jornalista Nadia Vladi, sugerindo que eu ‘baixasse o tom’ dos textos, que eu falasse ‘mais de arte e menos de política’, que 2014 é ano de eleições e que o jornal A Tarde optou pela imparcialidade. Como eu não sou um aparelho eletrônico com botões de mais ou menos, ignorei a sugestão. 

“Então, a diretora de redação do jornal, a senhora Mariana Carneiro, telefonou para repetir sobre a imparcialidade do jornal A Tarde nas eleições de 2014, e sobre o espaço do jornal não pertencer a mim, Aninha Franco, a ela ou a Nadia Vladi. 

“Sei. O espaço do jornal que deveria atender o direito à informação e ao debate de ideias da sociedade, atualmente tende a pertencer à publicidade, sobretudo a Publicidade de Governo, e assim é preciso separar a sociedade dos formadores de opinião, como eu. 

“Tudo bem. As Trilhas serão publicadas a partir de agora noutros espaços, neste domingo no Facebook, em tonalidade responsável, como sempre. Formadores de opinião não guardam tons ou imparcialidades. 

“Têm opiniões.” 

Pois é. Vieram com a mesma conversa pro meu lado. No meu caso, as “instruções” da tal da Mariana Carneiro foram passadas pelo jornalista Jary Cardoso. Me avisavam para não tratar de eleições, candidaturas e programas partidários, durante o período eleitoral. Na verdade, a chefia da empresa jornalística já vinha há tempos incomodada com minhas leituras críticas dos desastrosos governos de Dilma Rousseff e Jaques Wagner, e de falcatruas ideológicas do PT. Agora, sob o falso escudo da “imparcialidade”, tratava-se de impedir a publicação de análises críticas envolvendo o PT e governos petistas (estadual e nacional). 

Não tomei conhecimento da “sugestão”. Enviei o artigo “O Pior Governo”, que deveria ser publicado na minha coluna de hoje, sábado, 16 de agosto de 2014. Jary me telefonou, depois de ler o texto, me dizendo que achava que eu não tinha entendido bem as “instruções” da censora-chefe Mariana Carneiro. Respondi que tinha entendido muito bem as tais “instruções”, mas que não iria obedecer. Falar de eleições, governos e partidos, em período eleitoral, é atitude lógica e direito genuíno do cidadão. “Se o jornal quiser publicar o artigo tal como está, tudo bem. Se não, assuma a censura” – disse, encerrando o assunto. 

O artigo, é claro, não foi publicado. O PT persiste em seu desempenho prático de controle partidário da mídia, inclusive acionando computadores palacianos para alterar perfis de jornalistas na wikipedia. No plano local, baiano, o jornal A Tarde, como se não fosse feito por jornalistas, baixa o cangote e abana o rabo. Não dá. Tô fora disso. Envio aos amigos e amigas o texto censurado (em anexo), pedindo que o divulguem e a esta nota. 

Abraços, 

Antonio Risério.


Texto censurado:

O PIOR GOVERNO

Antonio Risério

Deixando Collor de parte, já que ele não concluiu o mandato, podemos fazer a seguinte observação. A eleição de Tancredo marcou o início do processo de construção de um novo Brasil. De lá para cá, os governos que se sucederam entregaram, ao governo seguinte, um país melhor do que o que tinham recebido. O grau de contribuição de cada um, na produção de avanços na vida nacional, é variável. Mas sempre, na passagem do bastão, restou algum saldo positivo. A triste e solitária exceção, nessa paisagem, é o governo de Dilma Rousseff, quase sempre sinônimo de fracasso ou retrocesso.

Vejamos. Quando Sarney passou a bola, o Brasil tinha avançado no caminho da democracia. O Mercosul, em parceria com a Argentina de Alfonsín, tinha começado a se configurar. E, na dimensão legislativa, ocorreu um grande avanço histórico, no terreno dos direitos sociais, com a Constituição de 1988. Com a queda de Collor, Itamar, algo desacreditado, assumiu em meio à crise. Mas seu governo significou mais um passo firme no rumo da consolidação democrática. E, sobretudo, deu início ao processo de estabilização econômica.

Fernando Henrique nos conduziu à conquista plena da estabilidade econômica, fazendo o que parecia impossível: nocautear a inflação. O Plano Real se afirmou vitoriosamente. Além disso, FHC fez a agenda social avançar. Houve redução da pobreza, em consequência do próprio fim da inflação. Já perto do final de seu segundo mandato, a desigualdade de renda começou a cair, graças principalmente ao programa Bolsa Escola (que o PT tratava pejorativamente de “bolsa esmola”, embora fosse recriá-lo no Bolsa Família). E o Brasil assumiu novo protagonismo no sistema das relações internacionais.

Em seguida, veio Lula – e os avanços prosseguiram firmes. Lula alargou em extensão inédita as políticas sociais, ampliando como nunca o raio da inclusão e a dimensão do mercado interno, retirando milhões de brasileiros da pobreza, promovendo ascensão social. De Fernando Henrique, ele não só manteve o tripé macroeconômico, agora sob a regência do ministro Palocci, como aumentou o peso e estendeu o alcance das ações internacionais do país.

E Dilma? Bem, ela quebra toda essa cadeia de avanços, conquistas e realizações significativas. Seu governo meteu os pés pelas mãos na economia. Estamos hoje numa situação crítica, combinando a volta da inflação com um crescimento minúsculo, a caminho da recessão. A agenda ambiental só conheceu retrocessos, a política externa é atrasada e confusa, a Petrobrás entrou em parafuso, a reforma urbana foi abandonada, o salário mínimo murcha e assistimos à degradação total dos serviços públicos.

Assim, pela primeira vez na história brasileira pós-ditadura militar, um governo vai entregar, ao seu sucessor, um país muito pior do que aquele que recebeu. Pela primeira vez, nesse período histórico, será correto falar, com absoluta propriedade e absoluta justeza, de “herança maldita”. É o retrato acabado do pior governo que tivemos depois da reconquista da democracia.

Nenhum comentário:

AS MAIS ACESSADAS

Da onde estão acessando a Maria Preta