Em 1973, o cantor e compositor Luiz Melodia marcava a estreia da carreira musical com o lançamento de "Pérola Negra". Aclamado pela crítica à época, o disco é até hoje lembrado pelas composições bem elaboradas e pela ousadia do carioca ao se enveredar pelo samba, choro, rock, forró, soul e o blues em um único trabalho. Esta mistura virou uma marca do artista e volta a se repetir em "Zerima", seu 14º álbum em mais de 40 anos de estrada, recém-lançado pela Som Livre.
"O novo disco é bem próximo do "Pérola Negra". Tem uma semelhança, embora o primeiro não tivesse tantos sambas quanto este. Mas teve essa variedade de ritmos. É o que eu costumo chamar de bossa nossa", compara o cantor.
Antes de gravar "Zerima", Luiz Melodia estava há cinco anos sem lançar um disco. O último foi "Estação Melodia", de 2009. "A verdade é que eu estava meio preguiçoso. Mas ai teve uma pressão daqui outra dali. A mulher [Jane Reis, que também é empresária dele] disse: 'Lança um CD agora! Você já está com umas músicas prontas!'. E os músicos também: 'Pô, Melodia, tá na hora!'. E eu disse: 'Tá, então vumbora!'", conta.
No novo álbum, a viagem musical de Luiz Melodia faz escalas no samba, bossa, blues, jazz, reggae, funk, valsa, entre outros ritmos. Tudo isso em 14 faixas, sendo 11 autorais inéditas e três regravações. Entre estas, a composição Maracangalha, de Dorival Caymmi. "Essa é uma música que eu já queria gravar há algum tempo. E veio agora até pra presentear o centenário dele. Além disso, eu sempre gostei do Caymmi. É um compositor admirável", elogia.
Na música do cantor e compositor baiano, Melodia resolveu fazer uma leitura nada usual. Em vez da batida convencional do samba, ele preferiu uma pegada de funk. "Fizemos um arranjo diferente, numa levada mais pop, da maneira como eu queria. Mas se ele estivesse vivo, não sei se iria gostar, não. Ele não queria que mexesse muito nas músicas dele", diz, aos risos.
Participações
Maracangalha ainda conta com a participação do rapper Mahal, filho de Melodia. Ele recita frases de própria autoria cantadas em forma de rap no meio da música. "Me surpreendi porque eu não esperava que ele fosse dar uma canetada tão interessante e inteligente", ressalta o pai.
A cantora Céu é outra que dá as caras em "Zerima". Ela empresta a voz na canção "Dor de Carnaval". O resultado é um belo dueto em forma de bossa nova. Melodia conta que a participação dela foi também uma retribuição ao convite que ele recebeu para fazer uma ponta no disco "Vagarosa", que a cantora lançou em 2009.
Presença baiana
No novo álbum, Luiz Melodia traz também um samba de roda. E para participar da gravação, nada melhor do que a presença de alguém que entende do assunto. Quem der uma olhada mais atenta à ficha técnica da música "Moça Bonita" vai encontrar o nome do baiano Roberto Mendes como responsável pelos arranjos e violões.
"Eu encontrei com ele num hotel em que eu estava, em Salvador. Aí eu falei pra ele: 'Olha, tem uma música que você tem que fazer, cara. É coisa lá de sua área, é a sua onda. Eu quero que você vá lá no Rio pra gente gravar'. E ele foi", diz Melodia, lembrando que já dividiu o palco com o baiano de Santo Amaro em um show em Angola.
Faixa do disco:
Fonte: Portal A Tarde
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