terça-feira, 25 de novembro de 2014

Estudantes da UFRJ ‘inauguram’ prédio fantasma

Alunos da Escola de Belas Artes fazem protesto em local onde faculdade deveria estar funcionando desde 2011

POR ANA CLÁUDIA COSTA

RIO - Como forma de protesto, aproximadamente 50 alunos e professores da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ) fizeram nesta segunda-feira uma inauguração simbólica do que deveria ser o novo prédio da instituição na Ilha do Fundão, cuja entrega estava prevista para 2011. Com direito a fitas vermelhas e até placa comemorativa, o ato foi realizado em frente a um terreno cercado por tapumes. O grupo, com o auxílio de estudantes de arquitetura, ainda apresentou um aplicativo de celular que simula a existência de um edifício de dois pavimentos no local.

De acordo com a professora de História da Arte Aline Couri, as obras deveriam ter começado em março de 2010. Num dos tapumes do terreno, que fica próximo à reitoria da UFRJ, uma placa com o nome da construtora Lytorânea e do engenheiro responsável é o único sinal do projeto da nova EBA. Atualmente, segundo Aline, funcionários e alunos usam salas cedidas pela Escola de Arquitetura que não seriam adequadas para as atividades artísticas.

— Trabalhamos em um prédio que fica aquém das necessidades dos alunos. Estamos esperando desde 2010 a construção dessa nova sede da escola, cujo projeto tem um pé-direito mais alto para abrigar o ateliê de grandes esculturas. Até onde sabemos, a construtora deixou a obra e nada foi feito até agora — disse Aline.

Aluna da EBA e umas das idealizadoras do protesto, Flora Pereira Flor afirmou que os alunos estão sendo prejudicados pela demora na construção do prédio:

— Nossa nova escola teria salas de aula, oficinas, cursos para escultores e ateliês com mais recursos para todos os projetos da faculdade.

A pró-reitora de Gestão e Governança da UFRJ, Aracéli Cristina de Sousa Ferreira, disse que o prédio não foi construído devido a “problemas judiciais’’. Ela acrescentou que a empresa Lytorânea não cumpriu o contrato com a universidade, embora tenha recebido R$ 783.449 por um projeto que não foi aceito pela instituição.

Ainda de acordo com Aracéli, a empresa entrou na Justiça contra a universidade e, agora, a UFRJ espera a decisão judicial para requerer a devolução do valor já pago à Lytorânea. A pró-reitora informou que uma outra empresa será escolhida para fazer a construção do prédio, avaliado em R$ 9.768.984. Nenhum representante da Lytorânea foi localizado para comentar o assunto.

Outros quatro edifícios da UFRJ estão com obras paralisadas. Iniciada em fevereiro de 2012, a construção dos prédios que abrigariam as faculdades de Administração, Ciências Contábeis e de Educação e a Decania do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, que deixarão o campus da Praia Vermelha, tinha prazo de 420 dias para a execução. Hoje, o complexo que seria chamado de Centro de Convergência se resume a três esqueletos — o quarto prédio sequer começou a ser erguido.


Fonte: O Globo

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