terça-feira, 3 de março de 2015

Moda e design na construção afro-brasileira

Érica Fernandes

Questionar de onde viemos e como nos tornamos o que somos faz parte da condição humana. E, para Julia Vidal, essas perguntas foram a base de sua pesquisa iniciada na universidade, que deu origem ao livro "O Africano que Existe em Nós, Brasileiros - Moda e Design Afro-brasileiros".
A estreia da designer de moda na literatura marca também a primeira publicação do catálogo pela Babilonia Cultura Editorial, em coedição com a Fundação Biblioteca Nacional e em parceria com a Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Cultura.

Julia utilizou-se da moda e do design para fazer uma abordagem estética de nossas heranças étnicas, principalmente a africana. Ela se considera uma carioca com alma baiana, tamanha a ligação afetiva com Salvador.

Na infância, conta que costumava passar as férias na casa de familiares aqui e que a cidade sempre a cativou.

Sua memória afetiva com a primeira capital do Brasil e com a cultura africana, através de sua mãe, Sílvia, fez Julia crescer com o sentimento de querer conhecer as raízes do povo brasileiro.

O livro

Chama a atenção a linguagem simples e didática sobre a cultura africana, dividida em seis capítulos (A Escravidão, Heranças, Moda, Design e Tipografia, Religiões de Matrizes Africanas e Livros Negros).

Além deles, outros dois completam o livro - uma introdução (Abre-Alas) e um perfil sobre Julia nas últimas páginas (Sobre a Autora).

Através de histórias, costumes, comportamentos, cores, desenhos, tipografias e roupas ilustradas em fotos, o catálogo é como um embasamento teórico e histórico sobre como fomos influenciados na maneira de nos vestir hoje. Como está escrito no capítulo Abre-Alas, "para entender como uma identidade cultural se transformou em moda, precisamos resgatar de onde nasceu seu primeiro desenho, o traçado inicial".

No capítulo quatro, dedicado a esses costumes, há uma classificação da moda afro-brasileira por estados. Segundo a autora, "as baianas preferem usar cores claras, principalmente o branco, em rituais religiosos e no dia a dia, por influência dos malês", diferentemente das cariocas, por exemplo, que são "mais ousadas".
Sessão de autógrafos de O Africano Que Existe em Nós, Brasileiros - Moda e Design Afro-brasileiros / Dia 26, 19h / Livraria Cultura, Salvador Shopping


Fonte: A Tarde

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