Edinho diz que orientou campanhas pela paz para evitar clima anti-PT
Ministro instruiu empresas públicas, sobretudo Caixa e Banco do Brasil, a fazerem propagandas incentivando a cultura de paz
SÃO PAULO - Diante da onda de hostilidade e animosidade políticas que sente desde o fim das eleições passadas, o ministro Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), instruiu empresas públicas, sobretudo Caixa e Banco do Brasil, a fazerem propagandas incentivando a cultura de paz. A reunião ocorreu em abril.
— Tem um monstro sendo alimentado dentro de uma lagoa, toda vez que se dissemina o ódio. Esse monstro já colocou a cabeça para fora algumas vezes e, se sair por completo, vai ser incontrolável — disse ao GLOBO Edinho, referindo-se aos ataques contra os ex-ministros Guido Mantega (Fazenda) e Alexandre Padilha (Saúde).
HADDAD É VAIADO EM TEATRO
No domingo, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, juntou-se ao grupo de petistas alvo de constrangimento público. Ao fim da apresentação da peça “Chaplin, o musical”, em um teatro da capital, o ator Jarbas Homem de Melo voltou ao palco e pediu a palavra. Agradeceu a presença de Haddad. As vaias tomaram o teatro.
— Vejo amigos brigando, famílias se dividindo, não é só a intolerância contra políticos. Temo que esteja mudando a cultura brasileira, sempre apaziguadora. Há lideranças importantes se manifestando com ódio — disse Edinho.
Desde meados de maio, a Caixa leva ao ar uma peça televisiva cujo tema é tolerância. Na propaganda, um menino veste camisas de times patrocinados pela Caixa. Um narrador explicita a mensagem:
— Todo brasileiro já nasce sabendo conviver com as diferenças.
MINISTRO DIZ QUE IDEIA É SUA
A Caixa disse que “estava no planejamento investir no tema paz nos estádios” e que a ação “coincidiu com uma proposta de ação da Secom”. O Banco do Brasil, que lançará propaganda em breve, informou que, “por razões de estratégia comercial, não antecipa comentários sobre suas campanhas”.
Investidores dos bancos criticaram a orientação do ministro, no momento em que os negócios dessas instituições, sobretudo o crédito imobiliário, têm desacelerado.
Edinho disse que a ideia foi sua e que não consultou a presidente Dilma Rousseff. O governo federal não poderia lançar uma propaganda institucional sobre o tema porque o teor das mensagens precisa ser de utilidade pública.
— Já os bancos podem fazer como parte de sua formação de marca — explicou o ministro, ressaltando que deu apenas uma sugestão.
Ele admitiu não saber a eficácia dessas mensagens:
— Não sei se dá resultado. Mas estou preocupado e resolvi fazer essa tentativa. Pretendo também pedir ajuda aos órgãos da imprensa — disse o ministro da Secom.
POR MARIANA SANCHES - O Globo
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