segunda-feira, 22 de junho de 2015

Menina atingida por pedra diz que Oxalá é quem deve perdoar agressores



Ato contra intolerância religiosa no RJ une líderes de diferentes crenças

21.jun.2015 - Cerca de 400 pessoas, entre católicos, evangélicos, adeptos do candomblé, da umbanda e de outras religiões, se reuniram em um ato contra a intolerância religiosa na manhã deste domingo (21), no Largo do Bicão, na Vila da Penha, zona norte do Rio de Janeiro. A manifestação foi convocada após a estudante Kayllane Campos, 11, levar uma pedrada na cabeça quando voltava de uma festividade do candomblé. Kayllane, presente ao ato, disse se sentir "muito feliz e muito agradecida por tudo isso que está acontecendo" Luiz Souza/Futura Press/Estadão Conteúdo



A menina Kayllane Campos, 11 anos, atingida na testa por uma pedra no último dia 14 ao sair de um culto do candomblé, participou hoje (21) de ato contra a intolerância religiosa, na Vila da Penha, bairro da zona norte da cidade. Ela disse ter ficado muito agradecida pelas diversas manifestações de solidariedade e pediu que seus agressores parem com atitudes preconceituosas.
Acompanhada da mãe Karina Coelho e da avó Kátia Marinho, conhecida no candomblé como mãe Kátia de Lufan, a menina disse que não é ela quem precisa perdoar os agressores. "Quem tem que perdoar não sou eu, é o meu pai Oxalá." A menina disse que, depois do episódio, tem mais certeza de sua religião.

A família de Kayllane lançou um abaixo-assinado, no último dia 19, na plataforma Change.org, na internet, pela defesa da liberdade religiosa A meninda espera chegar a um número suficiente de assinaturas para garantir a organização de uma campanha nacional sobre o tema.

Diante da adesão de múltiplos credos à manifestação, a avó da menina, Kátia Marinho, disse que a agressão sofrida pela neta veio "provar que todos nós somos irmãos, cada um na sua fé". "Eu respeito a [religião] de todo mundo e exijo respeito à minha", destacou.

O exemplo de respeito a religiões é dado pela própria família de Kayllane, cuja mãe abandonou o candomblé, onde foi criada, e se converteu à igreja evangélica há um ano. "O avô dela é católico", lembrou Kátia. "Você tem a opção de escolher o que quer seguir, o que quer ser", disse.

Para Kátia, a manifestação deixou claro para a sociedade que a intolerância não é só contra o candomblecista e o umbandista. "Claro que nós somos o alvo principal, mas todo mundo sofre: o evangélico sofre, o budista sofre. Acho que antes de você levantar uma bandeira e falar que crê em alguma coisa, tem que ter amor no coração e ver o seu próximo como seu irmão".

A mãe de Kayllane, Karina Coelho, destacou que a convivência dentro da família é ótima, apesar da diversidade de religiões. Ela preferiu não fazer comentários sobre quem pratica esse tipo de ato contra qualquer religioso. "Não acho que seja de Deus apontar. Deus não apontou ninguém. A gente não tem que apontar ninguém, temos que amar um ao outro igual."

A exemplo da filha, Karina assegurou que quem tem que perdoar os agressores é Deus. "Não tenho raiva, não tenho ódio. Eles têm que pagar como humanos, mas quem perdoa é Deus. Deus acima de tudo e de todos", destacou.

MENINA LEVA PEDRADA NA CABEÇA NA SAÍDA DE CULTO DE CANDOMBLÉ NO RJ

Fotos de 1951 são o primeiro registro de rituais do candomblé no Brasil



20.ago.2014 - Publicado pela primeira vez na extinta revista O Cruzeiro, em 1951, a matéria "As noivas dos deuses sanguinários", repórter Arlindo Silva e o fotógrafo José Medeiros, fez o primeiro registro de um ritual secreto do Candomblé. Apesar do grande preconceito, reforçado pela postura editorial da matéria, o conteúdo publicado tornou-se importante registro etnográfico no livro "Candomblé", do Instituto Moreira SallesReprodução/José Medeiros/ Instituto Moreira Salles
Alana Gandra
Da Agência Brasil

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