De acordo com o jornal "The New York Times", pesquisadores do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana (NMAAHC, na sigla em inglês) devem anunciar nesta terça-feira (2) uma descoberta sinistra e inédita.
Em parceria com o museu sul-africano Iziko e com o projeto "Slave Wrecks" (Naufrágios Escravos, em tradução livre), os pesquisadores afirmam ter encontrado os destroços do navio negreiro português São José Paquete África, localizados próximos à costa da Cidade do Cabo, na África do Sul.
Segundo a equipe que conduziu as buscas, é a primeira vez que destroços de uma embarcação negreira que afundou com escravos dentro são encontrados.
De acordo com o jornal americano, o navio português deixou Moçambique com destino ao Maranhão, onde venderia os escravos para trabalhar nas plantações de cana de açúcar.
A embarcação teria começado sua viagem em dezembro de 1794, tendo afundado apenas 24 dias depois, quando, durante uma tempestade, se chocou com pedras a pouco menos de 100 metros da Cidade do Cabo.
Estima-se que o São José Paquete transportasse entre 400 e 500 escravos, acomodados no porão do navio durante toda a travessia de aproximadamente quatro meses.
Quando o barco afundou, o capitão português, toda a tripulação e metade dos escravos conseguiram se salvar, mas cerca de 212 cativos afundaram com o navio. Seus corpos nunca foram recuperados.
pistas enferrujadas
A pista final para o reconhecimento do navio como uma embarcação negreira veio em 2012, quando uma equipe de mergulhadores encontrou numerosos lastros de ferro em meio aos destroços.
Eles eram utilizados para balancear o peso do navio, já que, durante a viagem, a carga humana apresentava grande variação de peso, uma vez que muitos dos escravos morriam ou emagreciam demais, deixando o navio muito leve para a viagem.
Segundo o "The New York Times", até agora não foram encontrados esqueletos ou restos mortais dos escravos nos destroços.
Os mais de 200 escravos que sobreviveram ao naufrágio foram revendidos em um período de dois dias.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário