Com ajuda da família, Crazy Eyes faz sucesso na Nigéria mesmo sem Netflix
Na sexta-feira 15 de setembro de 2012, Uzo Aduba se preparava para cumprir uma decisão importante: abandonar a carreira de atriz que vinha construindo com grande esforço havia nove anos, com trabalhos no teatro e na televisão nos Estados Unidos.
A série "Blue Bloods", na qual fazia um papel coadjuvante como uma enfermeira, estava chegando ao fim. O mesmo acontecia com remontagem de "Godspell" na Broadway, na qual tinha uma cena de destaque cantando "By My Side". Um teste que fizera pela manhã, para um papel numa nova série, tinha ido muito mal.
"E eu estava cansada de ser estereotipada nos testes de elenco, da oferta de papéis ruins, da ansiedade constante. Eu me lembro que perdi o trem expresso e acabei num que eu tinha de trocar de linha três vezes. Comecei a chorar ali mesmo na plataforma da estação. Depois de um tempo chorando, eu pensei que tudo aquilo era um sinal, que tudo estava terminando e o melhor que eu tinha a fazer era me entregar ao momento, aceitar que aquilo era o final de uma etapa na minha vida", recorda.
Quando finalmente chegou em casa, num distante subúrbio de Nova York, Aduba estava "completamente em paz". No caminho para seu apartamento, comprou um prato de sushi e uma garrafa de vinho, "para celebrar a decisão". Seu plano era fazer as malas e partir para a África do Sul, onde iria trabalhar com uma ONG, ensinando arte dramática e canto às crianças de uma township nos arredores da Cidade do Cabo.
Ela se lembra exatamente da hora em que abriu a porta de casa: 17h43. O telefone estava tocando. Ela correu para atender. Era a diretora de elenco da tal série, dizendo que ela tinha arrasado no teste e que o papel era dela. O papel era Suzanne "Crazy Eyes" Warren, e a série era "Orange Is The New Black", que a Lionsgate TV estava produzindo com a Netflix.
Uzo Aduba (E) em cena de "Orange is The New Black" com Samira Wiley "De uma certa maneira, eu estava mesmo me resignando, aceitando o que viesse. E, quem sabe, na verdade eu estava cooperando com o universo para realmente me levar para uma nova etapa na minha vida. Só que não era bem a que eu estava pensando", diz.
Uzo ri muito quando fala, especialmente quando se lembra da sexta-feira que mudou sua vida. É um riso aberto, bonito, que deixa ver a falha entre seus dentes superiores, traço característico de sua personagem e fonte de muita chateação na vida da atriz. "Perdi a conta dos agentes e diretores de elenco que queriam que eu consertasse essa falha", ela diz. "Na Nigéria, terra das minhas raízes, da minha família, isso é considerado um sinal de beleza, é algo cobiçado. Faz parte de quem eu sou – eu jamais mudaria algo tão fundamental para mim."
Seu nome completo é Uzoamaka Nwaneka Aduba e, embora tenha nascido em Medfield, Massachusetts,Uzo mantém laços estreitos com a família de imigrantes nigerianos "loucos por esporte" que migrou para os EUA nos anos 1970 e com os tios, sobrinhos e primos que ficaram na África. "Na Nigéria ainda não tem Netflix, mas o canal mandou em DVD para minha família. E eles são fãs de Crazy Eyes! É muita alegria para mim. Um casal de tios meus veio me visitar e trouxe um álbum com recortes de matérias sobre mim que saíram na Nigéria. É muito bom ter esse apoio da família. Me mantém centrada, focada no que é importante."
Família e fé são temas essenciais na terceira temporada, que estreia dia 12 de junho. "Crazy Eyes está sempre em busca de alguém para acreditar, para adorar, para lhe dar abrigo. Na primeira temporada ela se fixou em Piper (Taylor Schilling), passou a idolatra-la, agarrou-se a ela. Na segunda, fez a mesma coisa com Vee (Lorraine Toussaint). Na verdade, ela idolatra a ideia do amor, e isso faz com ela ponha toda a sua fé, toda sua energia, numa pessoa só. Vai ser interessante ver como ela vai navegar essa questão nesta terceira temporada."
Uzo diz sentir "profundo amor e gratidão" por Suzanne "Crazy Eyes". "Como não sentir? Ela mudou minha vida. Adoro o modo como ela assume quem ela é, a certeza que ela tem em tudo o que faz, como ela abraça seus aspectos, inclusive aqueles que muita gente veria como falhas. Uau, isso é parecido comigo. Essas imperfeições são o compõem nosso eu mais completo e mais bonito".
A série "Blue Bloods", na qual fazia um papel coadjuvante como uma enfermeira, estava chegando ao fim. O mesmo acontecia com remontagem de "Godspell" na Broadway, na qual tinha uma cena de destaque cantando "By My Side". Um teste que fizera pela manhã, para um papel numa nova série, tinha ido muito mal.
"E eu estava cansada de ser estereotipada nos testes de elenco, da oferta de papéis ruins, da ansiedade constante. Eu me lembro que perdi o trem expresso e acabei num que eu tinha de trocar de linha três vezes. Comecei a chorar ali mesmo na plataforma da estação. Depois de um tempo chorando, eu pensei que tudo aquilo era um sinal, que tudo estava terminando e o melhor que eu tinha a fazer era me entregar ao momento, aceitar que aquilo era o final de uma etapa na minha vida", recorda.
Quando finalmente chegou em casa, num distante subúrbio de Nova York, Aduba estava "completamente em paz". No caminho para seu apartamento, comprou um prato de sushi e uma garrafa de vinho, "para celebrar a decisão". Seu plano era fazer as malas e partir para a África do Sul, onde iria trabalhar com uma ONG, ensinando arte dramática e canto às crianças de uma township nos arredores da Cidade do Cabo.
Ela se lembra exatamente da hora em que abriu a porta de casa: 17h43. O telefone estava tocando. Ela correu para atender. Era a diretora de elenco da tal série, dizendo que ela tinha arrasado no teste e que o papel era dela. O papel era Suzanne "Crazy Eyes" Warren, e a série era "Orange Is The New Black", que a Lionsgate TV estava produzindo com a Netflix.
Uzo Aduba (E) em cena de "Orange is The New Black" com Samira Wiley "De uma certa maneira, eu estava mesmo me resignando, aceitando o que viesse. E, quem sabe, na verdade eu estava cooperando com o universo para realmente me levar para uma nova etapa na minha vida. Só que não era bem a que eu estava pensando", diz.
Uzo ri muito quando fala, especialmente quando se lembra da sexta-feira que mudou sua vida. É um riso aberto, bonito, que deixa ver a falha entre seus dentes superiores, traço característico de sua personagem e fonte de muita chateação na vida da atriz. "Perdi a conta dos agentes e diretores de elenco que queriam que eu consertasse essa falha", ela diz. "Na Nigéria, terra das minhas raízes, da minha família, isso é considerado um sinal de beleza, é algo cobiçado. Faz parte de quem eu sou – eu jamais mudaria algo tão fundamental para mim."
Seu nome completo é Uzoamaka Nwaneka Aduba e, embora tenha nascido em Medfield, Massachusetts,Uzo mantém laços estreitos com a família de imigrantes nigerianos "loucos por esporte" que migrou para os EUA nos anos 1970 e com os tios, sobrinhos e primos que ficaram na África. "Na Nigéria ainda não tem Netflix, mas o canal mandou em DVD para minha família. E eles são fãs de Crazy Eyes! É muita alegria para mim. Um casal de tios meus veio me visitar e trouxe um álbum com recortes de matérias sobre mim que saíram na Nigéria. É muito bom ter esse apoio da família. Me mantém centrada, focada no que é importante."
Família e fé são temas essenciais na terceira temporada, que estreia dia 12 de junho. "Crazy Eyes está sempre em busca de alguém para acreditar, para adorar, para lhe dar abrigo. Na primeira temporada ela se fixou em Piper (Taylor Schilling), passou a idolatra-la, agarrou-se a ela. Na segunda, fez a mesma coisa com Vee (Lorraine Toussaint). Na verdade, ela idolatra a ideia do amor, e isso faz com ela ponha toda a sua fé, toda sua energia, numa pessoa só. Vai ser interessante ver como ela vai navegar essa questão nesta terceira temporada."
Uzo diz sentir "profundo amor e gratidão" por Suzanne "Crazy Eyes". "Como não sentir? Ela mudou minha vida. Adoro o modo como ela assume quem ela é, a certeza que ela tem em tudo o que faz, como ela abraça seus aspectos, inclusive aqueles que muita gente veria como falhas. Uau, isso é parecido comigo. Essas imperfeições são o compõem nosso eu mais completo e mais bonito".
Ana Maria Bahiana - Do UOL, em Los Angeles
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