quinta-feira, 11 de junho de 2015

Propaganda de remédio é criticada por chamar cólicas femininas de 'Mimimi'


Uma marca de remédio contra cólica menstrual, dor de cabeça e enxaqueca virou alvo de crítica nas redes sociais, acusada de machismo.

De acordo com reclamações contra a Novalfem e sua recém-lançada campanha "#SEMMiMiMi - Se você não tem tempo pra MiMiMi, descubra Novalfem", a propaganda equipara as dores que mulheres sentem à frescura.
A campanha traz um clipe, publicado na segunda, em que Preta Gil canta frases como "Sem Mimimi, Mimimi, Mimimi" e "Quando to na balada, curtindo o batidão, você está em casa, mas que situação". Veiculada no YouTube e no Facebook, a peça já recebeu mais de 5.000 comentários, grande parte negativa. "Desde quando cólica é Mimimi" e "Se é Mimimi por que precisa de remédio? Isso é ridículo" são alguns dos apontamentos frequentes. Há também, na forma de piada, especulação de que a propaganda acabou por ajudar as vendas de analgesicos concorrentes.

Quando divulgou o lançamento da nova campanha, no dia 2 desde mês, a página da Novalfem no Facebook publicou um texto em que lista algumas das dificuldades pelas quais as mulheres passam. "E se tudo isso já não fosse o bastante, ainda temos que lidar com cólicas menstruais (...) muitas vezes sem descer do salto. Aí aparece o MIMIMI, um estado que só as mulheres compreendem, e que pode tornar o seu dia ainda mais difícil", diz a marca.

Procurada pela Folha, a Sanofi, dona da Novalfem, diz que a empresa decidiu reavaliar a campanha. "Acatamos as opiniões publicadas e esclarecemos que, em nenhum momento, se pretendeu subestimar o impacto dessas dores ou desrespeitar quem as sente", acrescentou em nota.

A Publicis, empresa publicitária responsável pela campanha, divulgou publicamente uma nota em que afirma que a intenção foi usar "um tom leve para falar de um assunto sério". Eles também afirmam que não tiveram intenção de "minimizar as dores das mulheres ou de ofender quem sofre com doenças e problemas mais graves".

O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) informou que até esta quarta-feira, não havia nenhuma representação contra a campanha, mas que pode abrir um procedimento diante de mensagens recebidas por cidadãos.

Neste ano, outras marcas sofreram acusações de machismo. A campanha "Homens que Amamos" da Risqué, foi acusada de parabenizar homens por ações corriqueiras e a "Esqueci o 'não' em casa", da Skol, foi interpretada como uma apologia ao estupro. 
 
PAULA REVERBEL DE SÃO PAULO - Folha de S. Paulo

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