segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Mesmo com queda, números da violência contra a mulher continuam alarmantes

Delegada da DDM, Graciela Ambrósio diz que lei Maria da Penha contribuiu para a redução nos registros de violência contra mulher
Considerado um crime de grande violação dos direitos humanos e que resulta em flagrante quando o agressor é denunciado e detido, a violência contra as mulheres tem mobilizado a população e a polícia. A cada dia, notícias de mulheres agredidas pelos companheiros, ameaçadas ou caluniadas aparecem. E, mesmo com a queda nas agressões, outras formas de violência aumentaram e novas vítimas continuam surgindo e denunciando os respectivos acusados à polícia.

Em Franca, isso não é diferente. As mulheres que sofrem com esse crime estão vencendo o medo e buscando uma punição a seus agressores. É o que garante a delegada Graciela Ambrósio, da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher). 

Diariamente, ela ouve relatos de vítimas de lesões corporais, ameaças, vias de fato (quando não há marca aparente de agressão ou morte), calúnia e injúria. “Cada vez mais, a mulher não quer ser uma vítima. Quando denunciado, o homem pode até não levar a sério e ameaçar ou atentar novamente contra. Mas, ao ser chamado na delegacia e perceber que, sim, pode ir preso e pagar pelo que fez, dificilmente ele retorna ou comete o mesmo delito. Ele tem medo da cadeia e, por isso, os números têm diminuído”, disse.

Para ilustrar essa situação sem reincidentes, Graciela citou o caso da jovem agredida no Franca Shopping pelo namorado. Em setembro, a sapateira de 25 anos levou socos de um auxiliar de serviços gerais de 26. O motivo? Ciúmes. Cansada de apanhar, pois já havia sido agredida outras duas vezes, a vítima chamou a polícia e viu o agora ex-namorado ser preso e recolhido ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Franca. Durante as investigações da agressão, a delegada intimou o que, antes de ir até a DDM, havia ameaçado a jovem por conta da denúncia. “Aqui, ele entendeu que não estávamos para brincadeiras e que ele responderia por um processo baseado na lei Maria da Penha. Quando compreendeu, me disse que eu nunca mais o veria novamente na delegacia”, disse a delegada.

A agressão contra a sapateira foi apenas um dos 404 casos de lesão corporal registrados em Franca de janeiro a outubro deste ano. O número, apesar de menor se comparado aos 534 do mesmo período no ano passado, permanece alto. O mesmo acontece com as ocorrências de ameaça: 689 neste ano e 782 no ano passado. Calúnia e injúria, que são contabilizadas juntas, também apresentaram uma ligeira queda. Em 2015, foram 66 boletins de ocorrência registrados com essa natureza, contra 79 de 2014.

Mas, contrariando os índices, os autos de vias de fato aumentaram. Segundo os dados da delegacia, 87 mulheres denunciaram delitos dessa natureza de janeiro a outubro. No ano passado, foram 79 ataques que não deixaram marcas nem lesões visíveis, mas que renderam oitivas, inquéritos e deverão abrir processos.

Como denunciar
Ainda que a lei Maria da Penha esteja em vigor há nove anos e tenha, segundo Graciela, contribuído com as quedas nos números, existem muitas mulheres hesitantes no momento de denunciar seus agressores por medo, dependência ou por não saber o que fazer. Algumas, inclusive, buscam as delegacias depois para retirar a queixa. 

Além da possibilidade de procurar a DDM, há um número específico para receber denúncias. O 180, a Central de Atendimento à Mulher, funciona 24 horas por dia e ajuda às vítimas, oferecendo orientações e amparo. “Qualquer mulher que se sente agredida física, psicologicamente ou sexualmente, ou ainda, que sofreu assédio moral ou violência patrimonial, deve denunciar para o caso ser investigado. Assim, os culpados serão punidos”, ressaltou Graciela.

Fonte: GCN
Foto(s): Angelo Pedigone/Comércio da Franca

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