Por que tentar retirar a autonomia da "cantora do milênio" e colocá-la num local de subalternidade é reforçar a lógica racista.
Nesta semana, uma mulher branca sugeriu um boicote ao álbum Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares. O motivo é que o álbum não seria feminista, já que na sua produção trabalharam homens machistas. O argumento dá a entender que Elza estava sendo usada e não possuía consciência da potência do álbum.
Nele, Elza canta sobre a liberdade da mulher e a necessidade de uma vida sem violência. Logo, várias reações surgiram. A afirmação da moça foi vista como um desrespeito à trajetória de Elza, já contemplada com o título de “cantora do milênio”. E eu concordo.
Querer deslegitimar uma obra como essa por conta do envolvimento de homens machistas não é argumente que se preze. Fosse assim, nada na indústria cultural seria produzido porque machismo é um elemento estruturante da sociedade, e como tal, não há espaço que esteja isento – o mesmo acontece com o racismo.
Via Carta Capital
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