O ator acredita que o cinema em Hollywood deveria ser mais inclusivo.
Está começando uma nova temporada de premiações no circuito cinematográfico americano e, como todos os anos, os críticos, produtores e fãs debatem sobre os “filmes com cara de Oscar”. O Brasil teve uma discussão interessante sobre o tema recentemente, quando o comitê nacional preferiu o melodrama Pequeno Segredo ao multipremiado Aquarius para representar o país na corrida pelo troféu de filme estrangeiro, alegando que Pequeno Segredo teria mais apelo com a Academia.
Agora, um ator bem inserido no sistema, Samuel L. Jackson, acaba de criticar o modo como a indústria seleciona esses filmes. Em entrevista durante o festival de Dubai, ele cita, em especial, Manchester à Beira-Mar e Moonlight, dois favoritos às estatuetas – com o diferencial de que o primeiro é estrelado apenas por atores brancos, e o segundo, apenas por atores negros:
“A política que acontece nessa época do ano é muito interessante em Hollywood. Eles escolhem filmes para dizer que são incríveis e ótimos – como Manchester à Beira-Mar, que dizem ser maravilhoso, imperdível! Mas olha… Talvez seja, para alguém. Mas não é um filme inclusivo, entende? Tenho certeza que Moonlight será visto da mesma maneira. Vão dizer que é um filme de negros. “Onde estão as pessoas brancas?”. Mas eu pergunto a mesma coisa sobre Manchester à Beira-Mar”.
Manchester à Beira-Mar (à esquerda) e Moonlight (à direita)
Além da questão racial, Samuel L. Jackson critica os “filmes com mensagem”, aqueles cheios de boas intenções, que supostamente chamam mais atenção dos votantes no Oscar:
“Existem esses filmes ‘caça-Oscar’. Eu estava vendo o trailer do filme de Will Smith [Beleza Oculta] e pensei: ‘É sério?’. É mais um desses filmes do tipo ‘Oh meu Deus, a vida é tão bela, vamos parar e cheirar as rosas’.”
Os dois argumentos podem despertar uma boa reflexão. O primeiro, de que projetos com atores brancos são vistos como “normais” e que outros apenas com atores negros são considerados um produto de nicho diz respeito ao racismo e à exclusão em Hollywood. Eles levam à sugestão de que todo filme deveria conter uma pluralidade de raças, assim como na sociedade.
Já a ideia de filmes caça-Oscar continua sendo criticada por diversos atores. Michael Keaton (Birdman), quando perdeu o Oscar para Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo), criticou a predileção da Academia por temas como doenças e lições de vida.
Samuel L. Jackson foi indicado ao Oscar por Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994). Ele tem uma série de grandes produções previstas para os próximos anos, incluindo xXx: Reativado, Kong: A Ilha da Caveira, The Hitman’s Bodyguard e Vingadores: Guerra Infinita.
Por Bruno Carmelo, do Adoro Cinema
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