(Por Claudia Corbett)
Todas as manhãs crianças, adolescentes e idosos têm um compromisso em comum no Centro Comunitário Jardim Santa Lúcia. Eles estão envolvidos na oficina de horta, um trabalho intergeracional da instituição.
O planejamento deste laboratório socioeducativo foi pensado para permear assuntos que resultassem também em mudança de comportamento. “Esta vivência entre gerações é muito saudável pelo conhecimento obtido, diferentes experiências trocadas e até divergências de opiniões. Conflitos acontecem, mas não deixam de ser produtivos”, mencionou Ricardo Moraes, coordenador geral do Centro Comunitário Jardim Santa Lúcia.
A horta tem sido um aprendizado para todos os envolvidos, independentemente da idade. As ações propostas seguem para além de um processo educativo. Unem todas as faixas etárias atendidas pela entidade e assim contribuem para o desenvolvimento da autonomia, sociabilidade e fortalecimento de vínculos sociais.
Ganhos para todos
A oportunidade de conhecer o que antecede um plantio, deu início às ações conjuntas. O trabalho prático começou com a criação de uma composteira, local para depósito de resíduos orgânicos. Nesta etapa, houve também o envolvimento dos funcionários da cozinha que preparam as refeições servidas na entidade. As crianças foram incumbidas de levar esse material até a composteira e junto com os demais, cobriram com terra ou folhas e grama secas. Um trabalho feito em equipe, no qual um depende da parte do outro.
Os insumos decorrentes da composteira foram aos poucos sendo inseridos na terra e as primeiras sementes foram plantadas. “A gente deixa as crianças plantarem do jeito delas para sentirem a emoção de ver brotar. Depois fazemos o replantio juntos, para que eles aprendam que as verduras precisam de espaço para crescer”, completou João Pinheiro, 68 anos.
João participa desta oficina desde o início, em 2016. Com as crianças conheceu e aprendeu um plantio mais saudável. Diferente da época dele, quando eram usados herbicidas e inseticidas. “Nós batemos as folhas de boldo no liquidificador e depois espirramos nas verduras da horta. O sabor é amargo e as lagartas não gostam”, conta Clara Daniele Martins, 9 anos.
Clara envolveu seus pais no que aprendeu. “Montamos uma horta em um latão lá em casa, e ela está ficando linda”, contou.
Dona Anita de Almeida Brito, 68, gosta de levar para a horta mudas de plantas que as crianças não conhecem. A ora-pro-nóbis ela trouxe de Minas Gerais. “As folhas desta planta são comestíveis. Ensinei as crianças que podemos comer cruas como salada ou refogadas em sopas e omeletes”, contou.
Hoje, todos notam a diferença na qualidade das verduras, ervas para chás e temperos. O que é colhido na horta passou a fazer parte do cardápio da instituição.
“Esta atividade é muito enriquecedora, pela troca da experiência dos idosos com a vontade das crianças de aprender. Eles são mais contidos, mas acabam se contagiando com a energia dos mais jovens. No momento em que estão juntos interagem, conversam e se ajudam”, destacou o coordenador geral do Centro Comunitário Santa Lúcia, entidade parceira da Fundação FEAC.
Mas o convívio não se limita aos canteiros da horta. “Aproveitamos a ação para fazer rodas de conversa entre todas as gerações. Os idosos relatam histórias da época em que tinham a mesma idade das crianças e jovens. Contam e ensinam jogos e brincadeiras. Sentem-se úteis ao transmitir seus conhecimentos. E durante as conversas, aprendem também com os mais novos”, exemplificou Ricardo.
Estas oficinas são apenas um meio para a busca de objetivos que vão além, tanto da entidade, quanto do serviço executado. “O resultado esperado sempre será do fortalecimento de vínculos por meio da convivência para ampliar o repertório de enfrentamento a situações de vulnerabilidade ou risco social, ampliando assim, seu alcance a rede de apoio”, contextualizou, Alann Scheffer Oliveira, assessor social do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC.
Saiba mais: www.ccjsantalucia.org.br
Via Razões Para Acreditar
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