Uma semana após confrontos violentos em Charlottesville, na Virgínia, que deixaram uma pessoa morta, milhares protestaram neste sábado para contrabalançar uma concentração que reunia militantes de extrema direita na cidade
BOSTON, ESTADOS UNIDOS - Milhares de manifestantes foram às ruas de Boston, em Massachusetts, neste sábado, 19, para denunciar o racismo e a extrema direita, em um protesto marcado por confrontos com a polícia, em um clima de tensão nos Estados Unidos, após a violência em Charlottesville e a polêmica reação de Donald Trump.
"Não há lugar para o ódio" e "Fora nazistas" diziam alguns dos cartazes trazidos na passeata pelos cerca de 40.000 manifestantes, segundo a polícia, que vieram a este reduto democrata para contrabalançar uma concentração próxima convocada oficialmente a favor da "liberdade de expressão", mas que reunia militantes de extrema direita.
Dezenas de milhares de pessoas participaram de manifestação antirracismo em Boston, neste sábado Foto: REUTERS/Stephanie Keith
Depois de uma semana de tensão nos Estados Unidos, com a derrubada apressada de monumentos confederados, considerados por muitos símbolos racistas, a polícia de Boston mobilizou um forte contingente para separar os dois grupos.
Apenas algumas dezenas de pessoas se concentraram na manifestação na qual se antecipou a presença de militantes de extrema direita, segundo imagens do encontro, que terminou meia hora antes do previsto.
Ao final da passeata, manifestantes antirracistas foram violentamente reprimidos pela polícia, que investiu contra eles usando equipamentos antimotim. A Polícia de Boston realizou 27 detenções, disse o delegado William Evans. Ele contou, ainda, que não houve nenhum ferido grave.
Mas os conflitos estiveram longe do nível de violência registrado em Charlottesville, na Virgínia, onde um simpatizante neonazista lançou o carro que dirigia contra uma multidão, matando uma mulher de 32 anos e deixando 19 feridos.
Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP Foto: AFP
A manifestação encerrou uma semana de alta tensão sobre o tema racial nos Estados Unidos. Embora inicialmente tenha chamado os manifestantes antirracistas de "agitadores", ao fim da marcha o presidente americano, Donald Trump, expressou-se em um tom mais positivo. "Quero aplaudir os muitos manifestantes de Boston, que se expressam contra a intolerância e o ódio. Nosso país estará unido em breve", escreveu no Twitter.
Além do comício de Boston e da contra-marcha, protestos também são esperados no Texas neste sábado, com o Black Lives Matter de Houston realizando um comício para remover um monumento do "Espírito dos Confederados" de um parque e ativistas de direitos civis em Dallas planejando um comício contra a supremacia branca.
Isolado
Depois de uma das semanas mais desastrosas de seu curto mandato, Trump está relegado a um isolamento crescente. Declarações indignadas de dirigentes republicanos, a onda de deserções entre seus assessores econômicos e críticas de grandes nomes da cultura: o profundo mal-estar com as ambíguas declarações do presidente americano persiste.
Na mais recente consequência de suas polêmicas declarações, Donald Trump anunciou neste sábado que não irá à entrega dos prêmios artísticos mais prestigiosos de Washington - os do Kennedy Center para as Artes Cênicas -, para evitar "interferências políticas", depois das desistências anunciadas por vários dos contemplados.
Via O Estado de S.Paulo
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