sábado, 21 de março de 2009

Transcrição do Discurso de João Silva em noite Zumbi

Eu vim de lá
Aqui cheguei
Trabalho forçado
Todo tempo acuado
Sem ter a minha vez

Dos grandes lagos
Região que surgiu
Os bancongos, os Bundos,
Balubás, Tongás, Xonas, Jagas, Zulus.
Civilizações Bantu, que no Brasil concentrou.
Vila SãoVicente, canavial de presente,
Pau Brasil, Salvador

Cada pedaço de chão,
Cada pedra fincada,
Um pedaço de mim
Ilê Aiyê
O povo Bantu ajudou
A construir o Brasil

Pedra sobre pedra
Sangue suor no chão
Agricultura floresce,
Metalurgia aparece,
Candomblé religião
Irmandade Boa morte,
Rosário dos pretos, Zumbi lutador
Lideranças firmadas,
Que apesar do tempo, o vento não levou.

Um legado na dança,
Influência no linguajar,
Sincretismo na crença,
Na culinária o bom paladar
Tristeza Palmares, Curuzu alegria,
Ilê Aiyê liberdade Expressão Bantu e
Viva da nossa Bahia

HERANÇAS BANTOS
Paulo Vaz e Cissa


Boa noite a todos e a todas, quero agradecer a presença de vocês e dizer que estou muito feliz e bastante emocionado com essa homenagem.
A luta de Zumbi é um exemplo do valor que a liberdade tem para o ser humano.
É um exemplo de persistência, de força de vontade, de coragem para superar os obstáculos que a vida nos apresenta sem perder o nosso objetivo, sem abandonarmos os nossos sonhos.
Como vocês sabem, já ganhei centenas de prêmios pelo Brasil a fora, mas essa Medalha Zumbi dos Palmares é motivo de muita alegria e é também motivo de reflexão. Porque essa medalha é um reconhecimento a um somatório de muitas mensagens focadas na afirmação do conceito da riqueza, da beleza, da fortaleza da cultura afro brasileira e na contribuição real produzida por ela na construção do nosso País. Ajudar a explicitar isso muito me orgulha e precisa ser orgulho de todos os baianos. De todos os brasileiros. As mudanças na comunicação e o surgimento de novas ferramentas ocorrem com uma rapidez muito grande mas os princípios básicos não mudam. O compromisso com a nossa história, nossa origem precisam ser ressaltados diariamente para que todos os afro-brasileiros possam ter orgulho de sua cor e de sua raça. Essa medalha significa que estamos avançando, que as mensagens que estamos concebendo estão sendo percebidas, absorvidas, digeridas e provocando a quebra dos pré –conceitos nas pessoas.
Sempre acreditei e insisto que a comunicação tem um papel fundamental nos avanços políticos sociais, na inclusão, na agenda diária das discussões nacionais relativas a avanços e conquistas dos afro-brasileiros no acesso a educação, a saúde, a cultura, ao mercado de trabalho e a melhoria da qualidade de vida e também tem a obrigação de contribuir para a elevação da auto-estima da população negra. Quebrando paradigmas e modificando o padrão estético tão arcaico e perverso. Ou seja, ser negro é lindo!
Defendo também a união, a convergência de ações dos movimentos negros, a profissionalização, a organização e a politização do debate porque juntos podemos avançar muito mais.
O Brasil é um Pais rico, a Bahia o estado com maior influencia das culturas indígenas, africanas e europeia. Mas o DNA dessa terra é Negro. A cultura dessa terra é negra!
E eu fico muito feliz por poder contribuir com esse processo.
Quero agradecer a todos os que me deram a oportunidade de poder contribuir com idéias e estratégias para suas peças e ações de comunicação. A Vovô, João Jorge, Zulu, Marcio Meireles, Tonho Matéria e a capoeira mangangá, ao male de Balê, A Lazzo esse negão malassombrado como diz Arani, Olívia Santana, Luiz Alberto ao Fórum de Entidades Negras da Bahia, Unegro, ao Bando de Teatro do Olodum, a Braz e Jorge Washington esses grandes atores brasileiro, aos terreiros de candomblé, a Póla Ribeiro por me confiar a comunicação e divulgação do seu filme O Jardim das Folhas Sagradas. E a Alaíde do Feijão essa que é sem duvida um exemplo de força e luta da mulher negra brasileira.
Agradecer aos inúmeros profissionais que contribuíram com a minha formação nos debates, nas definições de conceitos e estratégias nos posicionamentos e que com certeza ajudaram na construção de minha bagagem profissional.
Fernando Passos e o publicitário Domingos Leonelli na Engenho. Sergio Amado, Sydney Rezende, Geraldo Walter, Marcelo Simões, Capinam, Zitomir e Bel Borba na D&E e DS2000. Fernando Barros, Haroldo Cardoso e José Armando na Propeg. Duda Mendonça, Zilmar Fernadez e Cléo Silva na DM9. Paulo Alves, Vicente Cecim.
Um agradecimento muito especial a Ivan Pacheco, sócio diretor da BrinSilk, na cidade baixa, nos dendezeiros, que me descobriu na oficina de moveis de meu pai e me deu a oportunidade de começar como seu desenhista em 1976.
Aprendi muito com todos eles e hoje continuo aprendendo com Vicente Amaral, Jussara, Nordy, Césio e todos os colaboradores que me ajudam a fazer da Maria, uma empresa de comunicação que Pensa o Novo!
Agradecer a meu pai seo Diu, e minha Mãe Dona Teté que me ensinaram tudo que sou hoje. Que me ensinaram ter perseverança, generosidade, força de vontade para realizar os meus sonhos e respeitar sempre os mais velhos, tomar a benção....
A Benção minha Mãe!
Me lembro que meu pai Seo Diu dizia sempre, meu filho você tem que estudar um turno e aprender um oficio no outro. Graças a ele aprendi a arte da marcenaria e a conhecer e gostar do Recôncavo baiano onde ele nasceu.
meus irmãos Diva e Brasileirinho, Barriga, Roque e Luiz. Minha irmã Tereza, cozinheira de mão cheia, que cuidou muito de mim na minha infância.
Agradecer a Jussara essa incansável companheira que me deu 3 lindas filhas, Juliana, Mariana e Vitória que muito me orgulham. E que hoje me atura lá na Maria.
A Concita, nova companheira que há 3 anos me deu João Francisco.
Muito obrigado a todos e em especial a essa mulher de luta, força e coragem pela homenagem minha querida amiga e vereadora Olívia Santana.
Valeu Negona!
Gostaria de pedir licença para anunciar que hoje é um dia muito especial para mim porque, além de toda essa homenagem hoje também é o aniversario de Dona Teté, minha mãe esta completando 83 anos de vida.
Viva Dona Teté!
Parabéns minha mãe....
E como dissemos nas peças de divulgação do espetáculo de reabertura do Teatro Vila Velha, em 1995, Zumbi estar vivo e continua lutando.
Valeu Zumbi!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá

Parabéns pelo merecido dia negão e que muitos outros Joões não acuados sejam reconhecidos pela superação de obstáculos na luta por um ideal de igualdade.
Kátia Silveira

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