terça-feira, 24 de novembro de 2009

Racismo, Aqui Não! - Cícero Antônio

Cícero Antônio da Silva, músico paulistano/baiano presente na cena cultural soteropolitana desde 1985. Ano em que, foi recebido na velha cidade da Bahia, pelo cantor/compositor baiano Lazzo Matumbi. A fim de fazer parte de sua banda musical. Lazzo é uma personalidade artística em que o Antônio, teve enorme prazer de conhecer e intercambiar ações artísticas musicais.
Matumbi, naquela época transitava na cena cultural e fonográfica paulista, realizando o processo de gravação do seu terceiro LP titulado: Filho da Terra - gravado e lançado pela gravadora: Pointer do Brasil SA.

O músico, em contato com o carnaval baiano de 85, pode experimentar os seus sentimentos e sensações, que anteriormente estavam no campo das idéias míticas, não havendo, referências definidas e/ou materializadas, no tocante carnaval baiano. Foram giros, muitos giros na cabeça de Cícero, em consequência dos encontros que ele teve na avenida com o universo dos Blocos Afro Baianos.

Não me pegue não.... não, não. Me deixe à vontade. Foram nestes e tantos outros versos, e embalos swingados, que o texto sempre dito por Lazzo a Cícero, passou há fazer todo o sentido: “Oh negão, vamos pra Bahia, lá você vai saber o que realmente é ser negão”.

Em 1986, ingressou no curso preparatório da Escola de Música da UFBA, foi nesta instituição, fundada por: Edgard Santos nos anos cinquenta, que teve o seu primeiro confronto racial – justo nesta terra determinantemente fortalecida pela cultura negra. O músico participou do processo seletivo de admissão de novos alunos neste mesmo ano.

Na prova eliminatória (prática do instrumento), obteve a nota máxima e nas demais provas classificatórias, também obteve bons resultados. Para a surpresa do candidato, o seu nome não constou na lista dos alunos aprovados. Neste momento junto à Secretaria da Escola de Música da UFBA. Deu-se início aos novos questionamentos pertinentes no processo que durou em média uns 15 dias, até o alcance das soluções almejadas.

Resumo da ópera:

a) No edital configurava a quantidade de 10(dez) vagas disponível. (O Prof. de Trompete da Escola de Música da UFBA, o Alemão: Schuebel, manifestou que naquele ano acataria apenas um aluno de trompete.

b) A prova prática foi de cunho eliminatório e de maior peso, onde Cícero foi um dos dois candidatos que atingiram a nota máxima.

c) O candidato que também tirou a nota máxima, este figurava na lista de aprovado, foi procurado por Cícero, que assim constatou que se tratava de um homem branco, isto é, evidente para os padrões da oligarquia baiana.

d) Quando foram observadas todas as questões legais do processo, o Professor Schuebel, foi procurado por Antônio em busca da solução final do caso. O mesmo professor, se vendo encurralado, sabedor das complicações jurídicas legais que estariam prestes á serem detonadas, reorganizou-se....

Assim, o próprio Professor Schuebel, declinou da sua ação racista e anunciou a abertura de uma segunda vaga, absorvendo o aluno Cícero Antônio, legalmente aprovado no processo seletivo de 86, no curso preparatório de Música da Escola de Música da UFBA.

Obrigado Cícero Antônio!

Um comentário:

Anônimo disse...

è isso aí irmão, não podemos baixar a cabeça e nos conformar com injustiças.
se somos capazes de fazer temos que lutar pelo que pensamos ser capazes.
essa luta é dificil talvez nunca acabe, mas nunca podemos deixar de lutar!

José Fernandes

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