Há
uma disputa teológica nas ruas de Seattle. Dois grupos de diferentes
crenças estão em plena campanha publicitária em busca de visibilidade – e
uma dose de polêmica é bem-vinda para atingir esse objetivo.
Tudo
começou com outdoors mostrando imagens de pessoas em atividades
cotidianas. Junto à foto, a frase: “Eu sou mórmon”. E o link para o site
da campanha. Os anúncios logo podiam ser vistos também em ônibus e em
spots na TV e na Internet. O site traz perfis e vídeos sobre o dia a dia
de pessoas que seguem a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias. Tem até um chat para teclar ao vivo sobre fé com representantes da
igreja. A campanha vai até março de 2012 em 12 cidades americanas.
Mas
foi Seattle que apresentou uma resposta ao que pode ter sido
considerado uma provocação. Esta semana 12 ônibus começaram a circular
com anúncios contendo novas imagens de situações corriqueiras. Quatro
pessoas aparecem, entretidas, fazendo hiking ou preparando a decoração
de Natal. Junto à foto, a frase: “Um em cada quatro é ateu”. E o link
para o site da campanha.
A organização Seattle Atheists bancou
o anúncio, que segue até o meio de janeiro. Embora sem fazer referência
aos seus opositores na fé, ou na não-fé, divulgou que o objetivo é
motivar a população a buscar mais informações sobre quem, como eles, não
tem uma crença religiosa. Com isso, o grupo esperar encorajar os ateus a
se sentir mais à vontade para expressar seu pensamento publicamente.
A premissa da Seattle Atheists,
porém, pode estar equivocada. A informação de que um em cada quatro
moradores de Washington é ateu é baseada em uma pesquisa de 2008 que
mostra que 25% das pessoas daqui não têm religião. Ora, não ser membro
de uma igreja não significa necessariamente ser ateu. E assim voltou a
polêmica, que tinha baixado um pouco depois que a campanha dos mórmons
deixou de ser novidade.
A
crença é bem diferente, mas o objetivo dos anúncios é parecido. Mórmons
e ateus são pessoas normais, é o que as peças publicitárias parecem
querer provar. O sitemormon.org explica
que a falta de informação pode levar a conceitos errados e que a melhor
forma de entender a fé mórmon é conviver com seus praticantes.
O site 1in4wa.org explica
que os ateus sofrem preconceito e ostracismo ao expressar o que pensam
num país cristão, e convida à tolerância das diferenças e à convivência
com outros ateus.
Se
fosse no Brasil, me pergunto se a gente não encerraria essa conversa
dizendo que religião, do mesmo jeito que política e futebol, não se
discute.
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