Além da beleza estética da negritude feminina, a premiação também contará com a cantora e compositora paulista Paula Lima – referência na música negra brasileira –, Band’Aiyê, EME XXI (Márcia Short, Cátia Guimma e Carla Visi) e Grupo Kilombo.
ÍCONES – A valorização da cultura e da ancestralidade negra, assuntos sempre abordados pelo Ilê Aiyê, levou o grupo a homenagear, no Carnaval, mulheres que foram – e continuam sendo – ícones da cultura negra. Sem deixar de lado essas guerreiras negras da contemporaneidade, o bloco Ilê Aiyê fez uma referência às candaces, espécie de título dado as rainhas da África Oriental, séculos antes da Era Cristã.
“Para homenagear as candaces modernas, escolhemos a ialorixá Gaiaku Luiza, a cantora Leci Brandão, a atriz Ruth de Souza, uma das fundadoras do Ilê Aiyê, Beth Lima e Lélia Gonzales, militante do movimento negro. Todas elas são negras muito poderosas”, comenta Arani Santana, uma das coordenadoras do Ilê Aiyê.
Critérios atípicos com relação aos demais concursos de beleza caracterizam a premiação da Deusa do Ébano, principalmente, no que diz respeito à cultura intelectual da candidata.
“Analisamos o nível de consciência sobre a história da negritude, a dança, a capacidade criativa de fazer um figurino voltado para a temática do bloco e da entidade”, explica Arani. A organizadora ressalta, ainda, que as candidatas sempre demonstram muito mais sabedoria na apresentação.
“Sou simpatizante da entidade, é um orgulho particpar” Adriana Santos, 24, dançarina
“Me identifico muito com o mundo afro“ Antonieta Silva, 18, estudante
”Adoro a preocupação do Ilê com a negritude” Cyntia Paixão, 22, promotora de vendas
“O Ilê é o único que não tem esse negócio de miss” Claudia Matos, 27, pedagoga
“Meu sonho de ser a Deusa é desde criança“ Daiana Ribeiro, 25, promotora de vendas
”Representar a identidade negra é um sonho” Daniele Nobre, 21, dançarina
“Sei dançar e tenho a beleza do bloco“ Edmeire Cerqueira, 23, vendedora
”Quero somar ao movimento negro” Elizete Araújo, 21, estrudante
“É uma realização pessoal representar a mulher negra” Georgia Santos, 25, segurança
“Resolvi participar por questões políticas e de consciência” Gisele Santos, 20, coordenadora pedagógica
“Sempre gostei de dançar, por isso resolvi participar” Luanda Matos, 18, estudante
“É importante a valorização das mulheres afrodescendentes” Naiana Farias, 20, estudante
“A cultura do Ilê é linda“ Quênia Borges, 25, professora
”Sempre procuro saber mais sobre a cultura negra“ Sueli dos Santos, 26, dançarina
”Todas as comunidades deveriam ter o Ilê“ Vania Cerqueira, 24, educadora
Identidade negra é fortalecida no concurso
“A cada ano, vejo um crescimento na qualidade das meninas que entram na disputa. No que tange à educação, as mulheres negras são as mais excluídas.
Tenho visto um avanço que transcende a beleza. O concurso ajuda no avanço da consciência dessas mulheres na sociedade”, pondera Arani Santana.
O concurso foi criado a partir do momento que o Ilê Aiyê ficou ciente da existência de reis e rainhas negras na história. Hoje, mobiliza jovens de diversos cantos que desejam participar do Movimento Negro através dos trabalhos desenvolvidos pelo Ilê.
Não se trata apenas do concurso, o Ilê desenvolve através da música negra letras que elevam a auto-estima dos negros। ”Antes do Ilê só existiam músicas que subestimavam a beleza e a capacidade intelectual“, explica Arani, afirmando que o Ilê Aiyê ”exalta a raça negra“. (JEC)
Por : JOSÉ EDUARDO CARVALHO
ecarvalho@grupoatarde.com.br
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