Guias de Turismo e “Povo de Santo” apontam conflitos no Turismo Étnico na Bahia
Por Patrícia Bernardes
O I Seminário Nacional de Turismo Étnico – Afro realizado no início deste mês de agosto deu “pano pra manga”. Quem esperava um seminário “político” associado a “ jargões de sustentabilidade” nas questões relacionadas ao negro e a diversidade da sua raça, saiu do Centro de Convenções da Bahia totalmente frustrado.
A idéia de permissividade e folclore quando a pauta é roteiro turístico em Salvador, ganhou novas linhas de debate relacionado aos Gestores de Turismo. Guias de Turismo e Representantes dos Terreiros de Candomblé criticaram severamente a falta de capacitação e sensibilidade das empresas privadas de turismo que incluem os Terreiros de Candomblé como ponto de visitação.Este foi o ponto alto da discussão.
A construção de políticas públicas para dar fim ao desrespeito a Cultura Afro Brasileira nos Terreiros da Bahia, teve seu coro “engrossado” pelo colunista Jaime Sodré (Colunista A Tarde),Vilson Caetano (Antropólogo e Sociólogo/UFBA) e Antônio Gody com marca registrada em sua exposição “rígida” quando o assunto é o nosso calendário de Festas Populares.
Em três dias de Seminário, os desrespeitos com relação aos hábitos e ritos dos negros e a proliferação de empresas de turismo sem credenciamento para ordenar e receber turistas de todos os lugares do país e do mundo “apimentou” o debate. O próprio termo dado ao título do Seminário foi questionado por uma maioria de historiadores e lideranças do 3° setor presentes no local.
A noção de Turismo Étnico- Afro foi facilmente associada, nas mesas de debate, à problemática da Intolerância Religiosa entre os povos, o Racismo sofrido pelos Produtores e Gestores Culturais Negros na Bahia, em especial em Salvador , e a falta de “traquejo” do Estado , ainda a passos curtos de entender a multiplicidade cultural da maioria negra na Bahia foi ilustrado sem reservas por Zulu (Fundação Palmares) e Luiza Bairros ( Sepromi).
Outro ponto “inquietante” dos debates promovidos pelos gestores e historiadores como Sérgio Sobreira, foi à noção errônea de que os negros e demais povos étnicos presentes na Bahia só devem ser lembrados em momentos festivos do calendário do Verão no Nordeste. Segundo Sérgio Sobreira, a noção de que devemos nos adequar as exigências dos roteiros de turismos já impostos pelas agências de turismo devem ser criticados e combatido.
O termo “Turismo Cultural” foi mais bem associado entre Antropólogos, Culinaristas, representantes de Terreiros como título para futuros seminários relacionado ao tema. As perguntas feitas ao Secretário Estadual de Turismo, Márcio Meirelles por cada representante de Entidades Sociais Negras de luta em prol da Igualdade de Direito só deixou nítida o quanto estamos atrasados na “corrida” pela implantação da educação moral e cívica dos cidadãos comuns da nossa cidade (taxistas, motoristas de ônibus, barraqueiros de praia, etc...) para que haja um melhor intercâmbio cultural para moradores e visitantes das cidades que fazem parte do roteiro de visitação na Bahia.
O livro lançado durante o I Seminário Nacional de Turismo Étnico – Afro além de nortear futuros debates pode também esclarecer e implantar novas pautas de Congressos que podem vir a ser realizados por aqui.
Enviado por Patrícia Bernardes
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