É comum ouvir - “o ESTADO tem que fazer alguma coisa, tem que incentivar isso ou aquilo, esse ou aquele segmento”. Um blá blá blá de bandeirolas, contraproducentes, geralmente vindo daqueles, que fazem do seu medo de se comprometer uma bandeira de luta. Até quando essas pessoas não perceberam que ficarmos chacoalhando chapéu a frente do poder público, será os miseráveis pedintes. Mas quando se resolve fazer, a qualquer custo, os meios surgem, e se não surge a vontade coletiva se encarrega disso. Não estou dizendo que recursos não sejam necessários, são e temos que correr atrás, para manter profissionais e, sobretudo a qualidade dos trabalhos propostos.
A questão é essa, se propor a realizar, a fazer a diferença. Nós artistas temos a competência e a sensibilidade de comunicar-se diretamente com as necessidades, de vivenciá-las e transformá-las. Para o Estado e seus representantes, com seus sorrisos amarelos em tempos de campanha, vêem essa realidade, não na troca, mas nos laudos estatísticos.
Quando o ator Jorge Washington um dos integrantes do grupo BANDO DE TEATRO OLODUM me contou do projeto Outras Áfricas, me encheu os olhos. E esse grupo me conquistou em mais uma de suas facetas, porque nessa rede, já tinha postados alguns artigos sobre a qualidade artística desse Bando de gente de talento. São vinte anos bem vividos onde esses artistas madureceram, e tornaram cônscios que são transformadores da realidade.
Quando se trata de trabalhos de inclusão social, vêem as nossas mentes (um ex.) oficinas programadas cujo objetivo tirar as crianças das drogas. E pronto! Resolvido o problema. O trabalho inclusivo é mais que isso, tem que florescer o espírito de cidadania e o amor a vida. Através do sentir-se cidadão, a pessoa vai ter discernimento de seu livre arbítrio, e amando a si, ele amará seu próximo. Tenho uma experiência com trabalhos de inclusão o qual gostaria de citar: - A CIA CAOS8 DE TEATRO que sou coordenador tinha projeto de apresentações de espetáculos, com patrocínio da ERICSSON TELECOMUNICAÇÕES. O projeto visava apresentarmos um espetáculo de teatro, por mês, para as unidades da AACD, espetáculos curtos, com temáticas sociais. O sucesso do projeto era garantido, a cada espetáculo, as crianças, estavam mais participativas. Mas sentíamos que podíamos fazer mais. Um determinado ano foi proposto ao parceiro (patrocinador) uma oficina de teatro, esse se portou de forma profissional dizendo NÃO, no momento não reza no contrato de patrocínio esse tipo de atividade. Fizemos uma proposta, a companhia dará uma oficina, a título de laboratório, se funcionar, incluiremos no próximo ano. Assim acordamos. Uma profissional da empresa ao vir às primeiras aulas, com crianças que mal mexiam o pescoço. Incrédula me pergunta: - Sérgio você acha que vai dar certo isso? Resposta: não tenho a menor idéia, estou aqui para tentar.
Valeu ter tentado. Essa iniciativa teve como resultado, 12 espetáculos patrocinados, com turmas de todas as unidades onde o público assistia artistas em cena, apagando a imagem de cadeirantes e crianças com necessidades especiais, onde suas carências, psicológicas e necessidades de inclusão e acessibilidade ainda um passivo social muito grande.
Falo com toda autoridade que esse tipo de experiência me proporcionou. O grupo Bando de Teatro Olodum, através do projeto “Outras Áfricas”, em parceria com 7 escolas públicas (municipais e estaduais) e instituições sócio-culturais de Salvador esta criando cidadãos da mais alta qualidade. E o publico que for conferir, vai ver uma ação social de fato, e quem procurar os arquétipos da carência dessas populações, se frustrará, porque já despacharam para dar o lugar ao seu novo momento, a graça de serem artistas. Vale a oportunidade, as empresas que procuram um projeto transformador, onde desejam associar suas marcas, como socialmente responsáveis, aproveitem será um investimento social de grande valia.
Ações dessa qualidade o poder público, não tem habilidade e nem competência para realizar. E mesmo, se quer valorizar. A realidade é distante da vida conspiradora a qual vivem. Portanto o MINC é beneficiado pelo projeto, quantos todos envolvidos, a “aliança” de interesse coletivo. Sabido que também no segundo setor, há necessidades de projetos de responsabilidade social, de suas empresas, e suprem suas carentes de parceiros no terceiro setor.
O Bando nos mostra, não espere, faça, e verão que eles precisam mais do SEU TRABALHO que o TRABALHO, deles. Porque acima de um projeto inclusivo, são de fato transformadores da realidade.
Escrito por Sérgio Cumino (Ator e Diretor de Teatro, Poeta e Gestor de Projetos Sociais)
Colaboração: Patrícia Bernardes Sousa
Colaboração: Patrícia Bernardes Sousa
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