sábado, 6 de novembro de 2010

Sempre divido com os amigos o que há de melhor em mim - cartas entre Amigos - Enviada por Luciano

Cartas entre Amigos
Luciano:

Tou aqui na Praia Grande. Nadir acabou de fazer um peixe na telha. Não sei onde ela aprendeu. Lembra-me,
um pouco, a Zefa. Zefa sorri com um jeito de quem vai invadir o paladar alheio. Napoleão Bonaparte da cozinha é isso que ela termina fazendo. E nos derrota de sabores. Míope teimoso, estou a 200 graus de circunferência do mar e da Serra do Mar. Bem na minha frente, tem um  morro verde, bonito. Eu detesto morros. Como esse é um tipo vesgo, sofisticado assim mesmo, de verde musgo, ainda endemoniado, e precisa de padrinho, vou batizá-lo de Morro do Luciano, já que a barraca sucumbiu depois do tsunami legalista da prefeitura de Salvador. Bom, você tinha uma barraca, agora tem uma varanda, um morro em São Paulo, que talvez não lhe valha prá nada, a Zefa, e a saudade minha e de Nadir.  Nesse caldo que se derrete nas espumas de uma cerveja que olho, absolutamente desconfiado, ainda tem o interior mágico, num alguidar de nuvens, do Santo Daime do grande Juarez, as frases homeopáticas do Lariú, e nossa cobertura maior, a trilha sonora do Brasileiro. A ela, nenhum pintassilgo, nenhum canário, nenhum papa-capim da noite resiste. Estão vindo depressa, para completar, os versos do Lulafonso, na corcova do vento de Iansã. Ta vindo aí a fotografia dos Orixás pelo olho mágico do Nelson Issa. Pronto, nada falta. Tou aqui pensando no beija-flor de minha cozinha, aí em Itapuã. Ele sentia o cheiro de Nadir, da comida de azeite, e vinha. E pousava. Não tenho mais onde nenhum passarinho pousar. Guarde aí seus varais de sonhos. O que vem de mim, a saudade de Isadora, a saudade de Iemanjá, a saudade de mim mesmo, tou mandando prá sua varanda. Beijos em você e na Cris. Fernando e Nadir



Sempre divido com os amigos o que há de melhor em mim

Aos amigos Fernando e Nadir


Sempre me imaginei que um dia seria um istmo,fazendo a ponte, a ligação ente o continente sólido e as águas mornas,frias naturais ,com o balanço das ondas e seus fluxos e refluxos,para ligar e aproximar pessoas?(já que não seria um cais de pedra,ao qual se refere Fernando Pessoa, para ser toda  saudade)
Mas o amigo Fernando, numa tarde de peixe na telha das mãos de Nadir,me presenteia com um morro coberto de musgo verde para materializar a minha presença em sua saudade.Nosso Pai Oxalá de certo aprovou porque nos olharemos do alto,nos encontraremos com a leveza da pureza,com a leveza dos ares rarefeitos para fazermos o que  gostamos e praticamos(embora a Nadir não aprove),que é chorar de alegria os nossos sentimentos.
Abraços aos amigos
De Luciano e Cris


Enviada por Luciano (Barraca do Luciano)

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