Escrito por Kenneth Maxwell. Tradução por Paulo Migliacci
O presidente Obama recebeu, recentemente, críticas muito severas do professor Cornel West, da Universidade Princeton. Professor de religião e estudos afro-americanos, ele apoiou Obama em sua campanha presidencial e discursou em defesa de sua candidatura no Apollo Theater, no Harlem, em Nova York.
Mas, em abril, alegou que Obama se havia transformado em "um mascote negro dos oligarcas de Wall Street e um títere negro dos plutocratas corporativos, e agora se tornou comandante da máquina de matança norte-americana, e se orgulha disso".
West, conhecido filósofo, ativista e palestrante negro, decerto não representa a opinião da maioria dos negros norte-americanos. Melissa Harris-Perry, sua colega em Princeton, diz que West está desconsiderando a indicação, por Obama, de duas mulheres para a Corte Suprema, e que o apoio dos negros ao presidente continua esmagador.
Mas West é uma voz significativa entre os negros.
Campanha criada pela agência Maria Comunicação, na qual apresenta Barack Obama como a representação de um mundo novo. |
Ele diz que Obama, o primeiro presidente negro do país, tem "medo dos negros livres" e "predileção por brancos e judeus".
Os comentários de West sobre Obama lembram sua famosa disputa com o ex-reitor da Universidade Harvard, Lawrence Summers. West acusou Summers de ser o "Ariel Sharon do ensino superior".
Summers aparentemente convocou o professor para uma conversa pessoal na qual o criticou por sua atividade acadêmica insuficiente como professor de Harvard.
O professor West, que não está acostumado a esse tipo de admoestação, subsequentemente deixou Harvard e voltou a Princeton. Suas críticas públicas a Summers, no entanto, foram demais para muitos de seus novos colegas em Princeton, que posteriormente reprovaram as "insinuações e implicações" de West.
Mas ele está certo sobre uma coisa. A eleição de Obama não tornou a vida mais fácil para a maioria dos negros nos EUA. Os de classe média continuam singularmente otimistas quanto ao futuro, mas 40% das crianças negras do país vivem na pobreza.
Ainda que os negros representem 12,9% da população, só 1,9% da cobertura noticiosa os têm por foco, e a maior parte dessa atenção se dirigiu ao confronto entre Henry Louis Gates, diretor do departamento de estudos afro-americanos de Harvard e amigo de Obama, e o sargento Crowley, da polícia de Cambridge.
Como diz Richard Carter no "Amsterdam News", o maior jornal negro de Nova York, "o sargento Crowley desconfiou do professor Gates por motivos raciais? Provavelmente. O professor Gates se comportou mal? Certamente. O presidente Obama reagiu de maneira desastrada ao incidente? Definitivamente. Argh!"
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