quarta-feira, 30 de maio de 2012

Bye Bye Baby e Outras Mulheres - Por Patricia Dantas


Bye Bye Baby - Peça aborda violencia domestica
Em 7 de agosto de 2006 foi promulgada a Lei Maria da Penha, criando mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Não são poucas as mudanças que a Lei Maria da Penha estabelece, tanto na tipificação dos crimes de violência contra a mulher, quanto nos procedimentos judiciais e da autoridade policial. Ela tipifica a violência doméstica como uma das formas de violação dos direitos humanos, altera o o Código Penal e possibilita que agressores de mulheres sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada, eliminando a possibilidade de punição por penas alternativas, como a doação de cestas básicas, que era comum até então. A lei, que prevê ainda medidas que vão desde a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da mulher agredida, representou avanços significativos na luta pela igualdade de gêneros. A cada ano cresce o número de mulheres que recorrem à lei. Ainda assim, é grande o número de mulheres que por falta de acesso a informação, sofrem em silêncio.

É com o objetivo de conscientizar, informar, prevenir e trazer para debate a questão da violência doméstica que a Companhia Teatral Pátria Amada, um dos programas da Suproc (Subsecretaria de Programas Comunitários), que faz parte da Secretaria de Estado de Segurança Pública do DF, recebeu da DEAM (Delegacia Especial de Atendimento a Mulher) a tarefa de produzir um espetáculo teatral. A apresentação encerraria o Seminário Violência Contra a Mulher: Ações e Reflexões, promovido pela DEAM. Assim teve origem o espetáculo Bye Bye Baby e Outras Mulheres
A peça teatral de autoria da policial civil Lívia Fernandez (graduada em direito pelo UniCeub e artes cênicas pela UnB) conta com técnicas de encenação, coro, máscaras, bonecos, recursos audiovisuais e o acompanhamento de uma banda. Tudo isso para tratar de um assunto sério, conquistando a atenção e o envolvimento da audiência de uma forma que só a arte é capaz. Sua apresentação às 11h do dia 29 de março de 2012 lotou o Auditório Alvorada, do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que ao final aplaudiu o grupo de pé. Era certo que aquela não seria a única apresentação.
Na quinta-feira, dia 17 de maio de 2012, foi a vez dos estudantes da Estrutural que fazem parte do programa de Educação de Jovens Adultos (EJA) receberem o espetáculo, que ganhou uma nova roupagem com novos elementos. Os bonecos Pedro e Bia permaneceram, assim como a presença do coro e da personagem clownesca “a gerente”, que nesta versão ganhou uma assistente. A novidade maior ficou por conta da conclusão, que deixou a solução para o público.
O chamado Teatro do Oprimido, método criado pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal, utiliza-se da várias técnicas para objetivam a desmecanização física e intelectual de seus praticantes, e a democratização do teatro. Neste caso, foi utilizado o Teatro-Fórum, método no qual o curinga (o facilitador do Teatro do Oprimido) entra em cena e encoraja alguém da plateia para substituir o protagonista (o oprimido) e buscar alternativas para o problema encenado. Para realização do Teatro-Fórum a encenadora convidou a Multiplicadora da Técnica do Teatro do Oprimido Silvia Paes.
A estudante Tatiane, foi a primeira a entrar em cena. No lugar de Baby, disse poucas e boas a Arlindo, arrancando aplausos da plateia. Logo, Elizabeth ofereceu-se para dar uma nova solução. Depois foi a vez da participação dos homens. Valdimir, além de assumir o lugar de Baby, falando sobre atitude e responsabilidade, deu uma declaração consciente para a plateia sobre a necessidade da mulher se valorizar. No final, até a coordenadora Denise, pediu para subir ao palco, fazendo a cena voltar ao início da peça, levando a reflexão que a prevenção pode ser a melhor solução.
Eu, como convidada responsável pelo recurso audiovisual da peça, esqueci o frio e os problemas técnicos que enfrentamos na versão ao ar livre, quando vi a empolgação da plateia e dos atores interagindo com paixão e cumplicidade em busca de soluções para um problema que enfrentam frequentemente. Ver policiais e comunidade neste grau de sintonia é raro. A imagem de opressor associada à instituição dá lugar àquela de quem está a serviço do oprimido, informando, conscientizando e, se preciso, punindo sim, mas somente aqueles que precisam ser punidos.
A agenda da companhia recentemente sofreu alterações, estão todos no aguardo de quando será a nova apresentação. De uma coisa todos tem certeza: elas não pararam por aqui. Os ensaios são diários e a cada dia Baby (Lívia Fernandez), Arlindo (Genivaldo Sampaio), Pedro (Sérgio Araújo), Bia (Gisele Ando), D. Cotinha (Kléber de Oliveira), A Gerente (Pollyana Sampaio), A Assistente (Gisele Ando), O Locutor (Kléber Sampaio) e O Coro (Cintia Queiroz, Pollyana Sampaio, Sérgio Araújo e Gisele Ando) ficam mais afinados. “A ideia é percorrer as escolas com esse último formato, nossa recepção com os alunos do EJA da Estrutural foi muito boa. Mas para a próxima apresentação em uma sala de teatro, queremos incluir algumas novidades”, disse Lívia. Vamos aguardar.
SINOPSE
O lar de Baby e Arlindo está se desfazendo devido a uma relação baseada em opressão e dependência. Baby tenta preservar o casamento, mas as ofensas e limitações impostas por seu marido estão cada vez mais frequentes. Com apoio de sua vizinha, o locutor de rádio e seu filho Pedro, Baby encontrará coragem para reconstruir sua vida.
FICHA TÉCNICA 
Direção: Lívia Fernandez e Kléber de Oliveira
Facilitadora do Teatro do Oprimido: Silvia Paes
Roteiro: Lívia Fernandez
Elenco: 
Baby - Lívia Fernandez 
Arlindo Orlando - Genivaldo Sampaio
Pedro - Sérgio Araújo
Locutor/D.Cotinha - Kléber de Oliveira 
Bia - Giselle Ando
Gerente - Pollyana Sampaio 
Coro Teatral: 
Cintia Queiroz
Letícia Queiroz
Pollyana Sampaio
Sérgio Araújo
Confecção de bonecos: 
Sérgio Araújo e Companhia de Teatro Pátria Amada
Manipulação de Bonecos:
Pedro - Sérgio Araújo
Bia - Giselle Ando
Músicos:
Violão e teclado - Osório Dias
Baixo - Fabiano Mello
Trompete, trombone e flauta - Valmir Nunes
Bateria - Báfica
Cenografia: Rales
Figurino: Soraya Ribeiro e Edna Dourado
Produção Executiva: Érica Malkine e Lívia Fernandez (coordenação)
Produção de vídeo de abertura e encerramento: 
Direção - Fáuston da Silva
Fotografia - Fabrício Di Carvalho
Maquiagem - Daniele Araújo
Assistente de Fotografia e Direção - Crisvano Queiroz
Edição - Fáuston da Silva
Depoimentos Pátria Amada:
Direção e Fotografia - Fáuston da Silva
Produção de vídeo D. Cotinha:
Direção - Lívia Fernandez
Fotografia - Patricia Dantas e Lívia Fernandez
Edição de vídeo - Patrícia Dantas
Operação (VJ) - Patrícia Dantas
Fotografia - espetáculo:
Cida Taboza, Jocilon Barbosa
Realização: Companhia de Teatro Pátria Amada, Picasso Não Pichava, Subsecretaria de Programas Comunitários, Secretaria de Segurança, GDF.
Apoio: Sinpol-DF, Moviecenter, DEAM, Cadmo Cotta Decorações, Tozetti Madeira, Grillo Audio, SS Gráfica e Editora, Dulce Perucas e 100 Dimensão.
Agradecimentos Especiais: Secretário de Segurança Pública Dr. Sandro Avelar, Subsecretário da SUPROC, Élson da Silva Sousa; Delegada Chefe da DEAM Dra. Ana Cristina Mello Santiago;Chefe de Gabinete da SUPROC, Valdeniz Inácio dos Santos; Cirlandio Martins dos Santos; Fáuston Silva - Picasso não Pichava - SUPROC; Aldo Justo; Clara Malkine; Simone Sampaio; Gerente da Casa Abrigo de Mulheres do DF, Cecília; Miguel  - Moviecenter; Daniel - Moviecenter; Grillo Áudio ; Presidente da Cooperativa 100 dimensão, Sônia; Mônica Melo; Patrícia Dantas; Gilmar - Centro de Convenções Ulisses Guimarães; Aluízio Alves; Célio Martins - Ficha Técnica; Cia Teatral Vem Viver; Administração Regional do Cruzeiro; Flávia Malkine - SETUR; Geraldo Bentes - SETUR; Rales - Programa Picasso Não Pichava; À família dos realizadores pela paciência e carinho nos dias acelerados de montagem e produção.

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