Mãe Stella de Oxossi entre os amigos Graziela e pai Ribamar apreciando a Revista Maria 15 anos no Paraíso Tropical - 2010 |
A cerimônia de feitura tem por característica o recolhimento de 21 dias de reclusão, onde a pessoa fica em retiro longe da vida profana e da família, devendo desligar-se de tudo e dedicar-se totalmente aos ritos de passagem – banhos, boris, oferendas, ebós, rezas, danças, cantigas e a raspagem dos cabelos (orô). Esse conhecimento só pode ser transmitido por um sacerdote iniciado na obrigação de Odu ijè.
Para saber se uma pessoa precisa ser iniciada ou não, o Babalorixá ou Iyalorixá consulta o jogo de búzios onde terá as respostas. A outra maneira é quando uma pessoa vai assistir à uma festa de candomblé e entra em transe profundo. Esse transe é chamado de “Bolar no Santo” é a declaração em público do Orixá que quer a iniciação de seu filho.
Mãe Stella de Oxóssi apresentou sua vocação para sacerdotisa por volta dos 13 anos de idade, o que fez com que sua tia conhecida com Dona Arcanja procurasse ajuda de Pai Cosme de Oxum, o qual declarou que ela deveria ser iniciada e que seu caminho era ser iyalorixá. Em 12 de setembro foi iniciada por Mãe Senhora e recebeu orukó (nome) de Odé Kayodê. Mãe Stella conta que quando foi realizada sua iniciação, ela “não pensava em nada”, “não tinha noção” do que estava acontecendo.
“É interessante o desígnio, a força dos orixás. Meu caminho era ser iyalorixá. Se tivesse ficado no Gantois, casa que guarda os santos de minha avó e meus tios, não poderia realizar meu caminho. Só em 1976, quando fui escolhida lá, entendi isso… é engraçado a força do odu, do destino. Era uma guerra de orixás. Minha herança era de Iansã – minha avó Theodora –, mas Odé me queria”, conta.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira Araujo, felicita Mãe Stella pelos 73 anos de trabalho de contribuição e valorização dos terreiros – territórios sagrados para os povos de religiões de matriz africana – e a preservação de seus bens materiais e imaterias.
“Mãe Stella é das mais importantes guardiãs das religiões de matriz africana no Brasil. Ela é uma reformuladora, intelectual, negra que tem uma compreensão forte e profunda da importância do negro e da ancestralidade africana para a nação brasileira. Seus ensinamentos nos enchem de alegria e conhecimento.Viva Mãe Stella”, comemora.
Fonte : Mundo Afro
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