quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Mãe Stella - 73 anos de dedicação ao Candomblé

 Mãe Stella de Oxossi entre os amigos  Graziela  e pai Ribamar
apreciando a Revista Maria 15 anos no Paraíso Tropical - 2010
Em setembro de 1939, Maria Stella de Azevedo Santos com então 14 anos, era iniciada em sua feitura no santo que representa ritual de iniciação no Candomblé, um renascimento onde tudo será novo na vida do yàwó. Neste momento, o iniciado receberá um nome pelo qual passará a ser chamado dentro da comunidade.

A cerimônia de feitura tem por característica o recolhimento de 21 dias de reclusão, onde a pessoa fica em retiro longe da vida profana e da família, devendo desligar-se de tudo e dedicar-se totalmente aos ritos de passagem – banhos, boris, oferendas, ebós, rezas, danças, cantigas e a raspagem dos cabelos (orô). Esse conhecimento só pode ser transmitido por um sacerdote iniciado na obrigação de Odu ijè.

Para saber se uma pessoa precisa ser iniciada ou não, o Babalorixá ou Iyalorixá consulta o jogo de búzios onde terá as respostas. A outra maneira é quando uma pessoa vai assistir à uma festa de candomblé e entra em transe profundo. Esse transe é chamado de “Bolar no Santo” é a declaração em público do Orixá que quer a iniciação de seu filho.

Mãe Stella de Oxóssi apresentou sua vocação para sacerdotisa por volta dos 13 anos de idade, o que fez com que sua tia conhecida com Dona Arcanja procurasse ajuda de Pai Cosme de Oxum, o qual declarou que ela deveria ser iniciada e que seu caminho era ser iyalorixá. Em 12 de setembro foi iniciada por Mãe Senhora e recebeu orukó (nome) de Odé Kayodê. Mãe Stella conta que quando foi realizada sua iniciação, ela “não pensava em nada”, “não tinha noção” do que estava acontecendo.

“É interessante o desígnio, a força dos orixás. Meu caminho era ser iyalorixá. Se tivesse ficado no Gantois, casa que guarda os santos de minha avó e meus tios, não poderia realizar meu caminho. Só em 1976, quando fui escolhida lá, entendi isso… é engraçado a força do odu, do destino. Era uma guerra de orixás. Minha herança era de Iansã – minha avó Theodora –, mas Odé me queria”, conta.

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira Araujo, felicita Mãe Stella pelos 73 anos de trabalho de contribuição e valorização dos terreiros – territórios sagrados para os povos de religiões de matriz africana – e a preservação de seus bens materiais e imaterias.

“Mãe Stella é das mais importantes guardiãs das religiões de matriz africana no Brasil. Ela é uma reformuladora, intelectual, negra que tem uma compreensão forte e profunda da importância do negro e da ancestralidade africana para a nação brasileira. Seus ensinamentos nos enchem de alegria e conhecimento.Viva Mãe Stella”, comemora.
Fonte : Mundo Afro
Publicado por valberlucio 

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