Edvard Munch - (1940-42) Autorretrato entre relógio e cama (verticalidade/ horizontalidade, vida/morte tão presentes em Munch) |
Os últimos trabalhos de alguns artistas. Quadros que dedilham o inalcançável: a audácia perante o fim; o temor pelo desconhecido; o cansaço dos anos; a inevitabilidade da morte; ou a sensação de que algo perseguido uma vida inteira estava prestes a ser atingido. Imagens eloquentes.
Tende-se a afirmar que a carreira artística de um pintor é abençoada, pois mesmo com as adversidades da terceira idade (visão comprometida ou tremores nas mãos, para citar algumas), ele pode continuar trabalhando, mesmo que em menor escala. Porém, alguns tem suas vidas canceladas em sua fase mais criativa ou de plena efervescência artística, sem terem passado por um sofrimento físico prolongado. Seriam estas últimas imagens algo premonitórias?
Mark Rothko - (1969) Sem título (as pinturas coloridas da sua fase principal dão espaço para quadros entre o cinza, o marrom e o preto, onde a tensão ou até mesmo a fleuma podem antever o suicídio cometido pelo artista)
Pablo Picasso - (1972) Autorretrato encarando a morte (uma série produzida por Pablito em seu leito de transporte)
Yves Klein - (1962) F26, pintura de fogo
William Blake - (1826) Satã atingindo Jó com úlceras malignas
Francisco Goya - (1827) A leiteira de Bordeaux (neste que é um de seus últimos trabalhos, Goya abandonou os traços fortes e escuros das "Pinturas Negras" ou de "Los Desastres de la Guerra", provavelmente influenciado pelo clima mais ameno de Bordeaux)
Rembrandt van Rijn - (1669) Autorretrato
Max Beckmann - (1949-1950) Os Argonautas (antes de sua morte, Beckmann havia acabado de terminar este trabalho, de uma série de nove trípticos monumentais feita pelo pintor, iniciada em 1940)
René Magritte - (1967) O Império das Luzes [inacabado] (uma aura romântica forte, como em Caspar David Friedrich)
Paul Cézanne - (1906) As grandes banhistas
Franz Marc - (1914) Formas em luta (nesta que é uma de suas últimas pinturas, Marc abandona a arte figurativa e caminha para o abstracionismo. Bastante sintomático, tendo em mente o contexto da época e o fato do artista ter morrido nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial)
Leonardo da Vinci - (1503-1519) La Gioconda (Quadro que ficou em posse do artista até o ano de sua morte, sempre recebendo retoques)
Jean-Michel Basquiat - (1988) Cavalgando com a Morte (falecido na emblemática idade pop para a morte: os 27 anos)
Édouard Manet - (1883) Natureza-morta com lilases e rosas (em seu último ano de vida, Manet se dedicou mais a trabalhos de estúdio, como essa natureza-morta)
Miguel Ângelo da Caravaggio - (1609-10) Davi segurando a cabeça de Golias
Franz von Stuck - (1927) Judite e Holofernes II (Stuck era um dos pintores favoritos de Adolf Hitler. Em minha opinião, o artista que melhor traduziu o encontro do classicismo com o soturno espírito germânico)
Otto Dix - (1969) Autorretrato com Marcella (o idoso artista com sua neta)
Salvador Dalí - (1983) Cauda da Andorinha, da série sobre ´Catástrofes`
Claude Monet - (1920-26) Ninféias (em seus últimos anos de vida, Monet se dedicou a quadros e paineis de seu jardim em Giverny, pintando principalmente as ninféias que existiam nele)
Francis Bacon - (1991) Tríptico
Lucian Freud - (2011) Portrait of the hound [inacabado](mantive o título em inglês, devido à dualidade da expressão inglesa hound, que, aqui, pode estar ligada ao cachorro e/ou ao homem)
Andy Warhol - (1986) Aretha, capa para o álbum da artista Aretha Franklin (talvez a obra mais inócua. No sentido deste artigo)
Max Ernst - (1975) Aves em risco (série desenvolvida por Ernst nesse ano)
Egon Schiele - (1918) Edith Schiele (antes de morrer, Egon Schiele estava trabalhando em uma série de esboços de sua esposa, Edith Schiele, que havia falecido de gripe espanhola três dias antes dele)
Vincent van Gogh - (1890) Campo de trigos com corvos (em minha opinião, o trabalho mais emblemático de toda esta série)
Fonte: obviousmag.org
Fonte: obviousmag.org
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