quarta-feira, 13 de maio de 2015

R. Peixe

Tela de R. Peixe. Acervo de Fernando Canto.
Professor de artes, artista plástico e carnavalesco, Raimundo Braga de Almeida, mais conhecido como R. Peixe, nasceu em São Caetano de Odivelas, região do Salgado (PA), em 10 de junho de 1931, filho de Manoel Ferreira de Almeida e Eufrazina Braga de Almeida. Possuía o ensino médio. Parou no quarto ano da Escola Nacional de Belas Artes, da Universidade do Rio de Janeiro. Desde cedo pendendo para as artes plásticas, em 1940 participou de um concurso na escola de sua cidade e obteve o primeiro lugar, ao pintar a lápis, o retrato de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Cabral. Na época estava com 09 anos.

Chegou a Macapá em 1953, estimulado por amigos e conterrâneos para jogar futebol. Admitido na Olaria Territorial, que pertencia ao Governo do Amapá, pintava motivos marajoaras em ladrilhos, vasos e outras peças. Com o reposicionamento do funcionalismo público territorial, ganhou estabilidade no quadro permanente de pessoal.

Ele se revelou brilhante artista impressionista e abstracionista. Retratou paisagens de Macapá e de pessoas ilustres. Cursou a Escola Nacional de Belas Artes até o quarto ano e sempre dizia que não se arrependia de não ter concluído o curso.

Para difundir seus conhecimentos, fundou a Escola de Artes Candido Portinari, atuando como diretor e professor. Ele mantinha a escola, inicialmente, contando com uma pequena ajuda do Governo do Território do Amapá. Depois, a escola foi encampada pelo Governo do Estado e permanece rendendo bons frutos.

Entre 1979 e 1980 realizou o curso de atualização de teatro e educação artística, pelo Departamento de Recursos Humanos da Secretaria de Educação do Amapá. Liderou um grupo de artistas locais, levando-os a fundar o Movimento Artístico Popular, Moap. Graças a R. Peixe, quem vai a Macapá por via aérea pode ver um painel fantástico retratando a Doca da Fortaleza, que se encontra no Aeroporto Internacional de Macapá.
O Carnaval amapaense recebeu um grande legado de R. Peixe. Desde 1953, ele participou do período momesco convivendo com Falconeri, Cadico e Pereirinha, amigos forjados nas festas de Macapá. Já estava lá quando foram fundadas as escolas de samba Boêmios do Laguinho e Maracatu da Favela. À época, usavam-se caixas de madeira cobertas com couro de cobra, gato e veado. R. Peixe introduziu tambores de metal na escola que fundou, novidade que fez a bateria despontar como a melhor de Macapá. Também é de sua iniciativa a introdução da ala das baianas e das alegorias. Juntamente com Cadico e Pereirinha, fundou os Embaixadores do Ritmo e nele permaneceu até o momento em que outros brincantes acharam que ele estava "mandando demais".

Foi convidado pelo baterista Zé Maria Boca Preta, Zé Velha, Jeconias Araújo e Hermenegildo Brito a fundar outra escola de samba. Às 5 horas da tarde de 17 de fevereiro de 1962 surgiu a Piratas da Batucada, cujos ensaios passaram a ser feitos na sede do Atlético Latitude Zero, graças à intervenção do Cristiano. R. Peixe também fundou a Embaixada de Samba Cidade de Macapá, a 14 de agosto de 1963, contando com o apoio de seus familiares e as participações da Alice Gorda, do Raimundo Barros e Dona Lulu. A nova escola foi vice-campeã em 1966 e 1967. Em 1997, depois de estar ausente do carnaval havia 16 anos, R. Peixe voltou a desfilar pela Embaixada de Samba Cidade de Macapá. R. Peixe faleceu em Natal (RN), em 1º de março de 2004.

Fonte: Edgar Rodrigues/ porta-retrato-ap.blogspot.com.br

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