- Recuso-me a tratar isso como uma questão partidária. É uma questão de Direitos Humanos, inaceitável
Espanta e envergonha que mulheres, no exercício de cargos políticos e em posições de destaque, hesitem em condenar a atitude do secretário-executivo da prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Carvalho, de espancar duas vezes sua ex-mulher Alexandra quando era casado com ela; de mentir ao ver as agressões serem descobertas; e de forçar Alexandra a defendê-lo em humilhante entrevista coletiva.
Fátima Pelaes, por exemplo, a presidente nacional do PMDB Mulher, saiu-se de banda ao ser abordada, ontem, por um repórter de O Globo. Ditou:
- O núcleo estadual, que conhece mais a situação, entende que ele pode ser reabilitado. Nada justifica a violência, é inaceitável a agressão em qualquer tempo, mas há uma segunda chance.
Presidente da seção carioca do PMDB mulher, Kátia Lôbo recusou-se a conversar.
- Não tenho nada para falar sobre isso — disse e desligou o telefone.
Como não tem? Quem teria?
A presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, a senadora Rose de Freitas (ES), reagiu irritada com a demora do prefeito Eduardo Paes em desistir da candidatura de Pedro Paulo à sua sucessão:
- Recuso-me a tratar isso como uma questão partidária. É uma questão de Direitos Humanos, inaceitável. O Eduardo Paes não tem que esperar a sociedade reagir, é um contencioso que fica para sempre. O próprio Pedro Paulo deveria se considerar sem condições de ser candidato. Quebra o pau na mulher e não quer que a gente fale?
Recém-filiada ao PMDB de Paes e de Pedro Paulo, a antiga líder feminista e atual senadora Marta Suplicy (SP), candidata a prefeita de São Paulo, registrou em e-mail:
- Fui e sou sempre solidária à luta e ao direito das mulheres, principalmente contra essa chaga que é a violência.
Para a deputada Laura Carneiro (RJ) o assunto está superado:
- O trabalho dele [Pedro Paulo] como Executivo, 20 anos de atuação, não pode estar atrelado a uma questão pessoal. Na política, há coisas boas e coisas ruins, ou se está no barco, ou não. E eu estou.
Ninguém parece estar mais no barco do que a vereadora Verônica Costa:
- É difícil acreditar (nas agressões). É melhor esperar a Justiça se posicionar. Não é o perfil do Pedro, não o vejo assim.
Como não acreditar se o próprio Pedro Paulo confessou as agressões e pediu desculpas por elas?
Pragmática, a vereadora Leila do Flamengo quase não falou:
- Por lealdade, preferia não me pronunciar. Preocupo-me em não machucar quem me deu apoio.
Ricardo Noblat - O Globo
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